Um dos animes mais conhecidos por emocionar os fãs, Death Parade contêm apenas 12 episódios mas consegue nos trazer uma trama surpreendente e com certa sensibilidade para retratar temas bem delicados para nossa compreensão.

Até que ponto uma pessoa pode julgar nossas vidas? A sensibilidade das pessoas atrapalham elas ao fazer escolhas? E essas escolhas? São injustas? Acho que são perguntas que vão nos aparecendo até concluirmos o anime.

Portanto, Death Parade consegue nos trazer temas bem sensíveis com a função de nos fazer questionar. Desta forma, devemos analisar como Death Parade trabalha com essas questões e de que jeito fez com que se tornasse um dos animes mais emocionantes para os fãs. 

Entretanto, esse texto possui spoilers por se tratar de uma análise do anime. Então, se você ainda não assistiu Death Parade, assista o anime e depois volte para ler esse texto e debater sua opinião!

Enredo de Death Parade

O anime Death Parade foi animado pelo estúdio MadHouse no ano de 2015 e conta a história de um mundo vida pós morte. Basicamente, pessoas que acabaram de morrer, vão para esse lugar, que acaba na verdade sendo um bar.

Neste bar, duas pessoas chegam lá por meio de um elevador. Elas acabam não lembrando o que aconteceu e eles na verdade nem sabem que eles morreram. Essas duas pessoas são recebidas por um bartender, chamado Decim.

Decim os convida para jogar um jogo que é sorteado em uma roleta. Seja boliche, dardos ou qualquer outra coisa, a verdadeira natureza das duas pessoas será revelada em um desfile medonho de mortes e lembranças, dançando aos caprichos do mestre do bar.

Personagem Decim

Desta forma, Decim, que na verdade é um “juiz” que não transmite nenhum sentimento, acaba decidindo entre as duas pessoas quem poderá renascer e a outra irá para o limbo, uma espécie de lugar onde almas ficam lá, esquecidas, e não poderiam renascer. Eles vão por meio então de elevador para esses “lugares”.

Os jogos que acontecem no anime, como dardos

Portanto, essa é a ideia deste local, onde, além de Decim, existem outros personagens que são esses juízes que acabam julgando as vidas das pessoas. Entretanto, tudo muda no dia a dia de Decim quando uma estranha convidada faz com que ele comece a questionar suas próprias decisões.

O sistema falho do mundo de Death Parade

Oculus, o criador do sistema de julgamentos

Death Parade traz temas como vingança, ódio, traição e vários outros por meio destes jogos que acontecem no bar por comando do juiz. O anime consegue trazer uma linha tênue entre o cômico e o drama, nos conseguindo fazer ter várias sensações ao assistir o anime.

Ficamos tão amarrados a trama e a questão dos julgamentos, mas precisamos entender a mensagem que o anime nos entrega. Desta forma, a estranha convidada de Decim, ajuda tanto ele, e nós, os espectadores, a entender a mensagem deste anime.

A ideia de ter esses juízes sem sentimentos, podemos até denominar eles como marionetes, aos poucos vamos entendendo que o sistema daquele mundo vida pós morte é falho. Como eles são marionetes, muitas vezes eles não conseguem fazer escolhas éticas e morais

Para fazer escolhas éticas, a pessoa precisa ter empatia, onde é procurar relacionar sensações vividas individualmente tentando um paralelo com o que o outro aparenta estar passando. Se Decim não possui sensações (Pathos), como ele poderá entender, raciocinar as emoções de outras pessoas (Ethos)?

Os julgamentos errôneos de Decim e outros juízes

Nona e Decim

Portanto, os “julgamentos” de Decim, onde no começo ocorre tudo bem para o espectador primeiramente sentir o clima do anime e entender como funciona, durante os episódios, vão tendo momentos mais pesados para fazer o espectador repensar na situação. 

Desta forma, chegamos a ter momentos no anime que o espectador se sente desconfortável com a situação, assistindo talvez uma grande injustiça. Cada vez mais, Decim está julgando as pessoas de uma maneira errada. Então, a ideia do anime, até certo ponto, nos traz a questão, qual o direito de Decim, ou qualquer outro juiz de julgar a vida daqueles personagens? 

Decim e Ginti

E acho interessante que o anime nos traz a possibilidade de ver julgamentos por diferentes juízes. Acompanhamos Decim, o personagem principal, mas também vemos Ginti em ação. Ginti tem menos empatia e sem paciência, já Decim nos traz uma ideia de raciocínio, ou seja, ele pensa mais quando vai julgar, mas mesmo assim, ainda é falho já que ele não tem sentimentos e assim não consegue compreender as outras pessoas. 

Nona, a gerente do sistema de julgamentos

Portanto, enquanto temos Decim, que aos poucos começa a questionar o processo de julgamento, do outro lado temos Nona. Personagem bem misteriosa, que não entendemos primeiramente o motivo que estar lá, só sabemos que ela é uma possivel superior daquele mundo. Mas aos poucos nos é revelado que ela também tenta buscar o propósito de que, o processo de julgamento dos juízes poderia ser mais eficaz se eles transmitissem sentimentos.  A aposta que Nona para essa pergunta é a convidada de Decim

“Memento Mori” de Chiyuki

Chiyuki, a estranha convidada de Decim

Portanto, enquanto temos todo essa questão da falta dos sentimentos dos juízes, por outro lado temos outro assunto, que nos é apresentado indiretamente, mas que precisamos comentar sobre.

Você provavelmente já ouviu a expressão “Memento Mori”, ou seja, significa que você é um mero mortal e a qualquer hora você vai morrer. A ideia da expressão é encorajar as pessoas a fazerem as coisas importantes da vida aqui e agora, e não deixar para depois, para quando você não tiver chance.

E isso é um dos temas que acaba sendo retratado em Death Parade. A convidada especial de Decim, Chiyuki, tem todo um mistério e só descobrimos que ela é uma humana onde também teve problemas em sua vida até acabar falecendo.

Ela não conseguiu realizar tudo que queria em sua vida. Teve problemas com sua mãe e não teve tempo de se desculpar. Chiyuki não conseguiu portanto aproveitar seus últimos momentos e realizar seus sonhos, como voltar a patinar.

Ela tem até o desejo de voltar a vida para conversar com sua mãe para conseguir se desculpar. Mas para isso, se Chiyuki fosse reviver, outra pessoa iria precisar morrer em seu lugar.  Ela não consegue concordar e pensa em uma lógica bem convincente.

E vale ressaltar sobre como Decim se comportou a essa decisão. Talvez é a primeira vez no anime todo que ele sentiu tristeza, ou seja, com esse pensamento que Chiyuki teve, Decim teve empatia pela primeira vez. 

Algo que li no site Não é minha culpa que não sou popular sobre a resenha de Death Parade e vale dizer também, é que tem um momento que Decim tem seu olho quebrado quando está fazendo o julgamento de Chiyuki. Possivelmente, isso significa que Decim perde a “visão de juiz” já que ele conseguiu sentir empatia por Chiyuki naquele momento. 

Conclusão: Lembre-se de que você vai morrer um dia

Acho interessante a forma como Death Parade acaba. É um final meio aberto, sem conclusão sobre todo o sistema falho do mundo que o anime nos apresenta. Entretanto, não é que acabou desse jeito que é um anime satisfatório.

A ideia de Death Parade justamente acabar assim é para fazer o espectador pensar sobre esses debates que o anime traz. Trazendo temas diferentes, MadHouse conseguiu entregar um anime bastante envolvente. 

Portanto, quando assistimos, talvez temos aquele gosto de “quero mais”, porém apenas 12 episódios consegue transmitir sua mensagem e questionamentos para os espectadores. Sentimos as injustiças, o desconforto e vários outros sentimentos que precisamos sentir quando a trama consegue trazer essas cenas tão impactantes.

Desta forma, precisamos pensar mais além sobre os debates que Death Parade nos apresenta. Não sendo apenas um anime para acompanhar e passar o tempo, e sim para pensar sobre tudo que nos foi apresentado e trabalhado na história. 

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