É isso mesmo, queridos animezeiros, não é tarde demais para falar de Violet Evergarden, ainda mais quando ele foi produzido pela Kyoto Animation – já falamos da importância dele aqui no Chimichangas. Lançado em 2018, Violet Evergarden é uma história que é composta por fantasia, drama e slice of life, acompanhando a visão e a recuperação de Violet, a protagonista desse lindo anime.

O anime é uma adaptação de uma light novel de mesmo nome, criado pelos autores: Kana Akatsuki (história) e Akiko Takase (arte). Uma light novel é um produto japonês que se assemelha a um livro, porém com algumas figuras para retratar passagens da história. No entanto que as capas das light novels se parecem com mangás, mas na verdade a história é toda escrita, sem diálogos em um balão. 

Entre as light novels famosas podemos citar No Game no Life, Toradora ou Overlord, os dois primeiros lançados pela NewPop aqui no Brasil e Overlord pela JBC. Enfim, vamos falar de Violet Evergarden que é o tema principal desse texto. O anime possui apenas 13 episódios, que mostram como uma pessoa considerada arma de guerra pode se adaptar a uma sociedade mais pacífica. 

O anime está disponível na Netflix e ano que vem receberá um filme inédito. O trailer pode ser visto logo abaixo. 

O contexto histórico

Antes de falar especificamente sobre a Violet, é importante entendermos o contexto do universo do anime. Ele se passa em um universo fictício, com uma sociedade inspirada na Revolução Industrial e toques de era vitoriana. Na verdade a arte como um todo é pra matar qualquer um do coração de tão linda. 

Os avanços tecnológicos existem, porém não é como se as pessoas se comunicassem com telefone ou celular. As cartas ainda são as ferramentas mais importantes para fazer comunicações oficiais e também pessoais. Uma parada bem Inglaterra, quando implementou o serviço dos correios, ainda que pela realeza

Essas inspirações claras se misturam com a fantasia própria da história, como a tecnologia mecânica. Além dos trens, Violet Evergarden tem uma espécie de “automail” próprio, em que as pessoas podem ter membros metálicos muito modernos. A história começa quando a A Grande Guerra finalmente chega ao fim e o continente de Telesis se tornou um novamente, após muitos anos de mortes e embates. 

Após a Guerra, Violet vai para a cidade de Leiden, onde fica a família Bougainvillea

O início de Violet Evergarden

Nesse contexto pós-guerra, Violet estava lutando pelo exército de Leidenschaftlich e era uma indigente tratada como uma arma de guerra por uma família da nobreza: Bougainvillea. Apenas com 14 anos – é uma idade aproximada, já que não se sabe com certeza quando ela nasceu -, Violet demonstrava habilidades impressionantes para destroçar o exército inimigo, numa verdadeira matança. 

Os que a temiam não chegavam perto, e os poucos que falaram com ela nesses anos todos, a trataram com indiferença. Era uma garota que não sabia ler, escrever ou mesmo falar direito. Essa realidade mudou quando Gilbert Bougainvillea passa a cuidar dela. A conexão entre eles se tornou muito bonita, pois ele era o único que a via como uma pessoa, dando um nome à ela. 

Porém, logo no primeiro episódio, sabemos que as batalhas finais da guerra foram bem traumáticas para Violet. Ela viu os momentos de vida finais de Gilbert, e ela tinha acabado de perder seus dois braços no confronto. Em um pedido final, como uma súplica, Gilbert diz para Violet fazer o possível para viver e diz que a ama do fundo do coração. 

O tal do Gilbert.

Após muito tempo se recuperando, Violet recebe os braços mecânicos e tem uma nova oportunidade para viver. Mas, sem Gilbert ao seu lado. E agora, como uma jovem que apenas viveu em tempos de guerra e sempre foi tratada como um bicho poderia viver em sociedade e entender sobre sentimentos humanos? 

Essa é toda a premissa de Violet Evergarden. Graças a um amigo de Gilbert, Claudia Hodgins, ela consegue uma espécie de oportunidade para trabalhar na CH Postal Services, uma empresa que envia cartas e encomendas para todo o país e foi fundada logo após o fim da guerra. 

Na empresa há um serviço especial, chamado cartas de automemórias. São cartas especiais que as pessoas podem mandar, mas como todo um aparato e cuidado da escrivã para retratar os verdadeiros sentimentos dos remetentes. É um desafio imenso para a Violet, que inicia sua jornada para se tornar uma autômata de automemórias

O que tem de especial no anime?

Além dos detalhes importantes que formam a sociedade do anime, como forma de locomoção, educação, idioma e hábitos e costumes, Violet Evergarden dá uma atenção aos sentimentos humanos. Apesar da jornada de autoconhecimento de Violet, ela também vai se deparando com figuras e personagens que mostram suas histórias e dores, numa verdadeira lição de como podemos nos tornar empáticos mesmo diante de um momento delicado de um país inteiro.

As feridas e cicatrizes da guerra estão em toda parte, o que impossibilita o descolamento da situação social da população e as atitudes da Violet na guerra que acaba de chegar ao fim. Apesar de ser uma história dramática, não é um anime que nos fere profundamente, no sentido de nos deixar em lágrimas, mas nos traz muita emoção e sensibilidade para entender o outro.

Sem contar que há toda uma crítica massa e um debate que podemos fazer sobre as consequências das guerras e dos soldados, como as pessoas ficam após voltar de tanta violência e sangue. A própria Violet passa por toda essa transição no anime, e apenas nos últimos episódios vamos entender como os anos de guerra fizeram Violet sofrer. 

A mãozinha mecânica dela, junto de sua joia que foi dada por Gilbert

O ponto negativo não é exatamente negativo. O anime é um pouco parado, mas justamente por isso que tem a tag de gênero dramático. Mas o que me incomodou um pouco mais é como a sociedade normaliza relacionamentos com pessoas muito novas. Aqui temos que lembrar que no século passado, ainda mais no início dele, era muito comum que as mulheres casassem cedo, a esse tipo de costume é mantido até certo ponto em Violet Evergarden

A própria Violet tinha apenas 14 anos quando Gilbert disse que a amava, ele já era um homem adulto, com 29 anos. E aí fica dúbio se ele disse como se o sentimento fosse romântico ou apenas fraternal, beirando ao paternal. Esse pequeno detalhe também é trabalhado no anime e chegando ao fim, creio que podemos chegar aos dois caminhos, continua subjetivo. 

É um anime ótimo para começar no universo da indústria japonesa, pois toda a cultura mostrada é ocidentalizada, então é mais fácil para gente se identificar e entender inspirações históricas e easter eggs. Enfim, é uma ótima pedida para maratonar na Netflix e depois vir aqui comentar o que achou! 

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