Nem tudo é herói e poderzinho

Como boa amante de histórias, tenho ficado com a impressão de que praticamente todos os últimos lançamentos populares – seja em anime, gibi, filmes – têm a mesma premissa: poderzinho e heróis o tempo inteiro, sempre as mesmas histórias ou muito semelhantes (com exceção de Dr. STONE, inclusive recomendo).

Antes de tudo, pode parecer que eu falo “anime de poderzinho” como se fosse uma coisa ruim, mas não, assisto vários e adoro.

Mas se engana quem diminui as indústrias de animes e mangás a isso. Além dos animes de poderzinho, existem animes até mesmo inspirados em histórias reais. Experiências pessoais e períodos históricos que realmente aconteceram, adaptados de maneira incrível de uma forma que a história fala com a gente e acaba envolvendo de uma maneira que um livro didático ou um documentário jamais fariam.

Bakuman

imagem de Bakuman

Você conhece Death Note? POIS ENTÃO! Bakuman conta a história de Takeshi Obata e Tsugumi Ohba e a experiência de publicar Death Note na Weekly Shonen Jump. Representados na história por Moritaka Mashiro e Akito Takagi em seu 9º ano na escola, a história começa a desenrolar quando Takagi encontra o caderno de Mashiro e, a partir daí, tenta o convencer a ilustrar suas histórias.

Mas Mashiro tem um caso triste sobre mangakás em sua família e prefere se manter distante dessa vida… a princípio.

Acontece que sua amadinha da escola tem o sonho de ser seiyū (dubladora) e, então, Machiro faz uma proposta:

Eles se casariam, mas só depois que os dois alcançassem seus sonhos!

Claro que Bakuman vai muito além disso, desde o conflito inicial até as dificuldades e obstáculos que os meninos enfrentam sendo mangakás e publicando histórias semanalmente na revista tão famosa.

Eu, particularmente, amo essa história, e saber que ela aconteceu de verdade faz com que o coração fique ainda mais quentinho.

Vinland Saga

imagem do final da história de Vinland Saga

O protagonista dessa história é o explorador histórico Thorfinn. Ele é filho de um poderoso guerreiro viking, porém, numa batalha contra o mercenário Askeladd, seu pai morre e Thorfinn jura vingança.

Pra facilitar seus planos, Thorfinn se junta ao grupo de Askeladd. É aí que tudo começa a desandar e ele acaba envolvido na guerra pela coroa da Inglaterra.

Makoto Yukimura, criador do mangá, incluiu diversos relatos históricos na sua obra, e a história é ambientada na guerra entre a Dinamarca e a Inglaterra. É uma dramatização da ascensão do Rei Canuto II – mais conhecido como Canuto, o Grande – e conta todo o plano de vingança de Thorfinn.

No quesito arte e apresentação, Vinlang Saga é muito parecida com o estilo de Kentaro Miura em Berserk (amo, vejam também), mais macabro e realista.

— NHK ni Youkoso! | Bem-vindo à N.H.K.

imagem de parte da história de Bem-Vindo à NHK

Esse é triste. T-r-i-s-t-e. Mais triste ainda quando você se dá conta que, sim, é baseado numa história real.

N.H.K. é a sigla de uma emissora de TV japonesa, mas o título do anime se refere ao termo Nippon Hikikomori Kyokai (Associação Japonesa dos Hikikomori). Hikikomori é o termo japonês usado pra descrever uma pessoa jovem, geralmente dos 13 aos 39 anos, que vive em completa reclusão social. E essa é a vida de Tatsuhiro Satō, o protagonista.

Satō tem 21 anos, mora num apartamento alugado, é bancado pelos pais, abandonou a faculdade e foi demitido do emprego na emissora NHK. Ele acredita que a demissão faz parte de uma conspiração pra deixar ex-funcionários desiludidos e desmotivados como ele e criar uma NHK (a tal associação japonesa dos hikikomori).

A história trata principalmente do tema isolamento social e os problemas em viver como hikikomori, mas o anime vai mais longe e também fala de vários outros temas complexos, como otakus (não da maneira amigável que a gente usa o termo), complexo de lolita (lolicon, pedofilia) e suicídio na internet.

Tatsuhiko Takimoto, criador da obra, revelou que, assim como seu personagem, estava lutando contra a depressão e a vida de hikikomori. E em outro relato em 2005, contou que, infelizmente, não estava em condições de escrever outra história, vivendo unicamente com os direitos autorais de Bem-vindo à N.H.K.

Vagabond

imagem do mangá Vagabond que conta a história de Musashi

Vagabond ainda não tem uma versão animada, o que eu, particularmente, acho uma pena. O mangá merece mais atenção do público e acho que um anime seria incrível pra isso.

A história do mangá é inspirada no romance Musashi, de Eiji Yoshikawa. O livro é uma história fictícia sobre a vida de Musashi Miyamoto, o samurai mais famoso do Japão e autor do Livro dos Cinco Anéis.

A parte real dessa obra é a ambientação, e é a época mais conturbada da história do Japão. Musashi, antes Takezo, e seu amigo Matahachi deixam seu vilarejo pra lutar na batalha de Sekigahara em busca de honra e glória, mas não é bem isso que encontram.

Takehiko Inoue é um absurdo no que diz respeito a arte, com traços marcantes e bem detalhados, sem falar na narrativa sensacional que o autor domina. E além de tudo isso, Vagabond teve que passar por vários hiatos graças ao comprometimento de Inoue em pesquisar a vida de Musashi Miyamoto.

O resultado de tamanha dedicação foi essa obra impecável que temos hoje à nossa disposição! Se você ainda não leu, sério mesmo, não perde mais tempo e vai atrás disso, é maravilhoso.

— Versailles no Bara | A Rosa de Versalhes

imagem de Versailles no Bara

A Rosa de Versalhes se passa na época da Revolução Francesa, e sua protagonista é Lady Oscar. Na verdade, a intenção de Riyoko Ikeda era criar uma biografia de Maria Antoinette, mas o público gostou tanto de Lady Oscar que o foco mudou e ela passou a ser a personagem principal da obra.

Oscar François de Jarjayes é filha de um militar famoso, militar este que não queria ter uma filha mulher, então criou Oscar como um rapaz (argh).

Mas, por consequência da educação militar que recebeu, Oscar chega ao cargo de capitã da Guarda Real, responsável pela proteção de uma jovem Maria Antoinette.

Quando, por seus motivos, Oscar decide deixar a Guarda Real, Maria Antoinette a coloca na Guarda Francesa, e é aí que começam os prenúncios da Revolução.

Essa animação com arte delicadíssima conta com os nomes Shingo Araki e Michi Himeno, que trabalharam juntos também em Saint Seiya.


A indústria de mangás e animes é muito maior do que a gente pode imaginar, então o melhor que a gente faz é sempre estar abertos pra novas e diferentes histórias que tanta gente boa está disposta a contar!

E, claro, não é porque eu resolvi falar de animes e mangás com temáticas mais realistas que as outras categorias não sejam igualmente incríveis.

INCLUSIVE, meu mangá/anime favorito é One Piece! Qual é o seu?


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