No dia 2 de outubro a Crunchyroll apresentou seu primeiro evento de anime LGBT, com uma mostra de Given, e discussão a respeito da história, autora, produtora, direção e tudo que está relacionado ao mangá e anime. 

Além da mostra sobre Given, a Crunchy pretende fazer mais dois encontros mensais até o fim de 2019, sendo um em novembro e outro em dezembro. Ainda não se sabe quais animes serão transmitidos e discutidos, mas todas as informações serão dadas com antecedência.

A entrada foi franca e aconteceu no Teatro Décio de Almeida Prado, no Itaim Bibi, em São Paulo. Eu pude participar de toda a discussão e assistir os 3 primeiros episódios do anime e é importante falarmos mais desse tipo de evento. 

Aos que não sabem, Given é o primeiro Boys Love (BL) abertamente divulgado pela Aniplex, Dentsu, Movic, Fuji TV e Shinshokan. Toda a propaganda do anime reforçou a existência de romance entre os personagens homens e a temática musical, com grandes empresas patrocinando a produção.

O anime é uma adaptação do mangá de mesmo nome, escrito e desenhado por Natsuki Kizu, lançado na revista Cheri+ (uma revista BL). Ainda está em andamento, porém o anime faz adaptação do primeiro arco da história. E houve um anúncio de um filme que vai adaptar o segundo arco, portanto, até então, teremos toda a adaptação do mangá para as telinhas. 

Sinopse: Por algum motivo, a guitarra que ele amava tocar e o basquete que ele adorava jogar perderam a graça. Essa era a vida de Ritsuka Uenoyama até encontrar Mafuyu Sato. Ritsuka tinha começado a perder seu amor pela música, mas ao ouvir Mafuyu cantar pela primeira vez, a canção ressoou em seu coração e a distância entre os dois começou a encurtar.

Da esquerda para a direita: Mafuyu, Uenoyama, Akihito e Nakayama

Como foi a mesa redonda sobre o anime

Como divulgado anteriormente, a mesa redonda contou com a tradutora do anime, Sayuri Tanamate, o redator do Mais de Oito Mil, Fábio Garcia, editora-chefe do blog Blyme Yaoi, especializado em cultura yaoi/BL, Patrícia Machado e Guto Nunes, youtuber que fala sobre BL, animes e cultura LGBT+. 

O evento começou às 20h em ponto e primeiramente houve a mesa redonda, ao invés da transmissão dos episódios. A plateia estava bem à vontade e foram mais de 1h de conversa sobre a história, BL/yaoi, animes e a indústria japonesa de anime

Do lado direito: Guto Nunes e Sayumi, e do lado direito a Patrícia e o Fábio.

O que foi extremamente rico, pois convidaram de fato uma pessoa que conhece o mercado de BL no Japão, a Patrícia. Além das interpretações da história, que são muitas, a plateia pode saber mais detalhes sobre criação de BL, clichês, modificações da geração atual do BL, entre outros detalhes. 

Aos que ainda possuem desconfiança sobre o mercado BL no Japão, tanto para os LGBTs quanto para pessoas curiosas com a demografia, muita coisa mudou de uma década para cá. Gays e bis já se sentiram muito mal por ver temáticas um tanto complicadas em histórias BL, como estupro, relacionamentos abusivos e muitos estereótipos do que seria um homossexual. 

Aos que são pré-conceituosos mesmo, vale a pena dar uma lida em BLs mais recentes e notar certas associações bem mais reais do meio LGBT, o que dá para abrir mais a mente e ser um simpatizante pelas causas e também respeitoso com as pessoas do meio. 

No Japão, o fetiche entre mulheres por homens gays também já é bem mais brando, mostrando personagens mais humanos e com menos características de “seme” e “uke”. Ou seja, nas produções de mangás há cada vez mais autoras e autores procurando BL como uma forma também de representação LGBT, e não apenas uma forma de criar uma história voltada para o público feminino heterossexual. 

Se possível, aos moradores da cidade de São Paulo ou região, vale ficar de olho nas próximas mostras. No catálogo da Crunchyroll, os principais animes com uma temática mais próxima a LGBT seriam Citrus, Sasameki Koto, Sakura Trick e DAKAICHI, entre outros. 

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