A trilha sonora em uma obra visual é importante, sendo essencial para assim conseguir ajudar a criar algum tipo de sentimento para o espectador em certa cena, seja de tristeza, alegria ou até medo.
O uso da trilha sonora em certos filmes chega a ser até memorável, se tornando mais um ponto forte do filme. A equipe conseguindo construir uma trilha sonora que consiga causar o sentimento desejado ao espectador é uma grande vantagem.
Em animes não é diferente, muitas obras se tem um investimento para a criação de uma trilha sonora para a animação japonesa. As músicas se destacam em animes com gênero musical, porém, em vários gêneros de anime, também se encontra um grande trabalho da parte musical.
Assim, listamos alguns animes que conseguiram trabalhar muito bem na trilha sonora em suas obras e o porquê, seja em gêneros próprios de animes musicais, ou necessariamente não.
Primeiramente, como se faz uma trilha sonora para anime?
Seja de um filme ou anime, dividimos em três etapas para produzir uma obra audiovisual: a pré-produção, a produção e a pós-produção. Assim então, uma parte super importante desse trabalho é o Comitê de Produção.
Antes mesmo do anime começar a ser feito, ou seja, na parte da pré-produção, onde o estúdio ainda está fechando sua equipe, ele vai incluir uma gravadora e eles vão incluir um compositor específico para o anime. Ou pode ser diferente, dependendo do compositor, o estúdio já pode ter esse contato com o compositor para assim fazer a trilha sonora do anime em questão que eles vão animar.
Para a composição da trilha, tanto o diretor do anime, e o diretor de música ou trilha sonora, entram em um consenso do estilo da trilha sonora que vai ser criada a partir da obra que vai ser animada. Assim, criando um gênero mais alegre ou emocionante, que consiga combinar com o roteiro da obra para causar a verossimilhança ao anime.
Na hora da produção do anime, e o trabalho da trilha sonora que irá ser incluso no anime, eles podem gravar de duas formas: com instrumentos reais ou o uso do computador para sintetizar os instrumentos, que acaba sendo uma forma mais barata.
Por assim seja, na pós produção, na hora da edição do anime, o editor adiciona então as trilhas na cena que foram demarcadas.
1. A trilha sonora dos animes de Maeda Jun
Para quem me conhece, sabe como enalteço muito as obras em que Maeda Jun está envolvido, assim sendo, um dos pontos principais em seu trabalho é a trilha sonora.
Maeda Jun criou animes originais como Angel Beats e Charlotte, e foi um dos desenvolvedores das visual novels de Clannad, Air, Kanon e Little Busters, onde mais tarde, os 4 jogos ganharam uma adaptação para anime.
Dessa forma, Maeda consegue trazer ótimas OST (Original Sound Track) para os animes em que ele se envolveu, onde possui cenas em que a trilha ajuda ao espectador se emocionar com suas obras.
Vale ressaltar que nos animes Angel Beats e Charlotte, se tem um trabalho mais delicado, onde ambos os animes, porém mais em Angel Beats, se tem músicas originais criadas para uma banda que tem na história do anime.
Sim, mesmo sendo uma banda fictícia, a Girl Dead Monster é um dos pontos fortes do anime Angel Beats, onde as cantoras Marina e LiSA (que recentemente fez a opening de Kimetsu no Yaiba), canta a maioria das músicas do álbum da banda.
Maeda trabalha muito bem com sua trilha sonora e a maioria das openings dos animes que esteve envolvido, ele compôs, e a maioria deles também é cantado pela mesma cantora, a Lia.
2. Shigatsu wa Kimi no uso: A ajuda da trilha sonora para a dramaticidade da história
Se tratando de um anime sobre música, Shigatsu wa Kimi no uso consegue além de entregar uma trilha sonora muito boa, uma trama muito emocionante, onde os dois conseguem ser interligar e trazer muita emoção ao espectador.
Yokoyama Masaru, onde já trabalhou com vários outros projetos, consegue cativar o público com a trilha sonora de Shigatsu. É uma junção de piano e violino, algo que os dois personagens principais tocam, para então, remeter a música clássica.
A ideia da música clássica é um ponto da história, onde os personagens principais então, tocam em concursos juntos, com o violino e o piano. Assim, algumas OST são assim para dar complemento a história.
Mas além da música clássica, possui um toque triste em certos momentos, em que casam com cenas dramáticas para causar o impacto no espectador. Assim, trazendo um dos animes que os fãs de animes consideram um dos mais tristes.
3. Yuki Hayashi: Trilha Sonora em animes shounens
Animes como Haikyuu e Boku no Hero Academia, além do gênero shounen em comum, a trilha sonora é feita por Yuki Hayashi.
Tanto Boku no Hero e Haikyuu, possui cenas um pouco mais tensas, seja em uma luta ou um jogo de vôlei. Para assim, então, a trilha sonora de Hayashi “entra” na cena para causar tensão ao espectador.
Tem também os momentos de glória, onde um herói ganha uma luta ou uma estratégia de vôlei dá certo. A música muda para um ritmo mais acelerado que acompanha a vitória do personagem.
São trilhas sonoras que casam bem nas situações da história do anime, seja então até em um momento bobo e descontraído entre os personagens. Dessa forma, algumas OST de ambos os animes parecem muito, fazendo os fãs perceberem até essa semelhança.
Yuki Hayashi já trabalhou com trilha sonora no anime Death Parade (2015), onde é um anime com uma pegada totalmente diferente dos dois shounens que citei acima. Podendo ter alguns momentos cômicos, mas alguns momentos são uma trilha de estratégia que compõem a história ou até mesmo uma mais calma e “triste”, trazendo a emoção para cenas que tem um teor mais triste.
4. Guilty Crown: A marca da banda EGOIST
A banda EGOIST é composta por uma dupla de pop japonesa que ficaram famosos com o lançamento do anime Guilty Crown em 2011. Mais tarde, a banda chegou a cantar na opening dos animes Fate/Apocrypha e Psycho Pass.
Mas também precisamos enaltecer Hiroyuki Sawano, que trabalhou em muitos animes com trilha sonora, como Shingeki no Kyoujin e Juuni Taisen. Assim, tanto a dupla, o compositor consegue trazer uma ótima trilha para o mundo sci-fi de Guilty Crown.
A banda EGOIST, além de cantar a segunda opening do anime, ela toca em algumas cenas em que o protagonista, Shuu, tem seus momentos de decisão na luta, como a música Bios Delta, tendo um ritmo normal nesses momentos de luta, e um momento mais lento para cenas emocionantes.
Assim, nessas músicas da banda, o anime dá uma sensação que parece que a personagem Inori que está cantando, ou aquilo junta tão bem na cena que cria uma atmosfera muito verossimilhante, verdadeira. A ideia de usar a voz nas OST do anime, traz a ideia de algo mais suave, e mais divino.
Com o trabalho de Hiroyuki, ele traz mais soundtracks para momentos tensos e lutas. A trilha sonora de Guilty Crown desses momentos lembra muito o épico e a guerra. Sendo assim um pouco similar a Shingeki no Kyojin, outro trabalho do compositor que é necessário enaltecer.
5. Code Geass: O uso do épico
Produzida pelos compositores Kotaro Nakagawa e Hitomi Kuroishi, Code Geass tem uma trilha sonora marcada como épica, trazendo o enaltecimento ao herói, ou seja, o protagonista, e também, as ações marcadas no anime.
A OST do anime também enaltece os gêneros sci-fi e militar, com uma trilha que remete a batalhas e momentos de tensão. É o momento da guerra e luta na vida dos humanos, então, uma trilha composta cheio de batidas e instrumentos de sopro, traz essa questão de momentos intensos, como então as guerras.
Só que em momentos emocionantes, também se tem uma trilha mais calma, que ajuda a acompanhar o sentimento da cena, o espectador acaba chegando então a se emocionar.
A compositora Kuroishi Hitomi já trabalhou em animes só que não tanto conhecidos, sendo então, seu maior trabalho, em Code Geass, trabalhando na grande maioria da trilha sonora dos animes.
Já Kotaro Nakagawa, fez o arranjo da trilha sonora em animes também como Gosick (2011) e InuxBoku (2012). Nakagawa e Hitomi trabalharam juntos também na trilha sonora do anime Planetes (2003), anime antes mesmo de estrear Code Geass.
6. Hibike Euphonium: Gênero escolar
Trazendo um pouco a ideia de uma trilha mais clássica como Shigatsu wa Kimi no Uso, Hibike Euphonium também chega a ter algumas trilhas sonoras mais a esse lado, por conta de tratar de um anime em que um grupo escolar toca instrumentos clássicos em uma orquestra.
Só que não é só isso, trazendo a história da vida escolar de Kumiko, a trilha sonora do anime traz um estilo também mais calmo, que remete então ao gênero escolar. E também, trabalhando com o uso do piano, são formas de enaltecer o melodramático no anime.
Acompanhamos a rotina de personagens que possuem momentos de crise que todo aluno de uma escola possui. Com o uso de uma trilha sonora mais calma então, causa uma intenção de expressão sentimental.
É a ideia de enaltecer a mudanças de sentimentos, sensações dramáticas e as características do estado psicológico da personagem.
Dessa forma, o compositor da trilha sonora do anime é Matsuda Akito, que também compôs para obras como Chuunibyou demo Koi ga Shitai (2012) e D-Frag (2014).
7. Magi: Música funcional da trilha sonora
Em muitas obras audiovisuais que se passam em algum lugar diferente, usam trilha sonora para demarcar o lugar que está, chamado então “música de localização”.
A música tem seus vários gêneros e para trilha sonora, existe o que chamamos de música funcional, que é composta para ser colocada a serviço de algo que não sua própria exposição, apresentação ou performance.
Dessa forma, a trilha sonora no anime de Magi, remete principalmente a composições que revelam um lugar ou uma cultura dos personagens, consequentemente, a localização geográfica, conotando então os valores e costumes de lá.
Magi, na verdade, se passa em um lugar totalmente fictício, mas mesmo assim, a trilha sonora remete ao lugares do mundo criado pela mangaká Ohtaka Shinobu. Cada cidade tem sua marca, então, a trilha sonora ajuda nesse sentido.
Outro ponto também são as músicas épicas, o uso dos instrumentos em forma de criar o caos e a emoção para lutas no anime, ou até em OST que se tem o uso de um coro em voz, para ter também uma comunicação ao divino.
A composição de Magi ficou por conta de Sagisu Shirou, que também já trabalhou nos animes Bleach (2004) e nos três filmes de Evangelion.
8. Cowboy Bebop: O gênero jazz na trilha sonora
O anime Cowboy Bebop é acompanhado por várias trilhas feita por Yoko Kanno e Seatbels, uma banda diversificada que Kanno criou justamente para criar a música do anime.
Dessa forma, a trilha sonora do anime tem como base o gênero jazz. E assim, a trilha sonora de Cowboy Bebop merece ser enaltecida por ter tido até nomes internacionais para a ajuda da gravação da trilha. Mais tarde, as músicas foram lançadas no mercado americano.
Deste jeito, o álbum da trilha sonora do anime, inclui a música tema de Cowboy Bebop, “Tank!”, que também é ligado as peças instrumentais do jazz. A faixa “Rain” é a única música do álbum que contém vocais de canto.
O uso do gênero jazz para a trilha sonora enaltece a cultura americana da década de 1940, onde teve o surgimento deste gênero. No anime se tem muitos cenários da cidade e personagens que possuem uma ótima profundidade a trama. Os personagens também possui nomes tipicamente americanos, fazendo assim o sentido de um gênero sonoro americano no anime.
9. A trilha sonora nos filmes do Studio Ghibli
É certo que os filmes do Studio Ghibli marcaram muito a infância de algumas pessoas e é um estúdio ainda amado por muitas outras pessoas. A grande maioria dos filmes do estúdio trabalham com uma história do crescimento da personagem, passando da época criança para o seu amadurecimento.
Dessa forma, a trilha sonora ajuda muito nesta questão. A personagem no filme, como em O Serviço de Entregas da Kiki (1989) e A Viagem de Chihiro (2001), possui um trabalho na construção da personagem para questões de inseguranças e medo da personagem que ela precisa enfrentar.
Como o uso de Hibike Euphonium, só que de uma forma mais emocional e psicológico. A trilha sonora dos filmes do Studio Ghibli possui uma ideia mais de calmaria, com o uso do instrumento piano quase presente em todas as OST.
Dessa forma, lidando mais uma ideia romancista, a trilha sonora destes filmes remetem o estado psicológico das personagens, que enfrentam suas inseguranças para ter seu crescimento na obra.
O anime vai tratar então de sentimentos e sensações dramáticas das personagens onde a trilha sonora ajuda a acompanhar esses momentos.
Conclusão: O uso da trilha sonora
É essencial o trabalho pensado para usar uma trilha sonora em uma obra visual, tendo várias funções e gêneros para a mesma. A trilha sonora vai ajudar a acompanhar uma cena que tenha uma certa emoção.
A trilha sonora pode ser algo mais épico, fazendo o uso dos instrumentos de sopro, causando uma ideia de festivo, ou até o caos da guerra. Já podemos ter uma trilha mais emotiva, fazendo o uso dos instrumentos de cordas ou o próprio piano.
O principal é que a trilha sonora tenha seu sentido denotativo ou tanto conotativo, trazendo o tipo de emoção que tem que ser trabalhado naquela cena em questão que ela irá aparecer.
Desta forma, com uma trilha sonora bem trabalhada, encontramos animes com seus soundtracks extremamente bem feitos que marcam o espectador, seja na própria trilha sonora, ou na história da obra.