Luzes no céu: Fireworks (Uchiage Hanabi, Shita kara Miru ka? Yoko kara Miru ka?) é uma adaptação do filme live action de 1993, escrito por Shunji Iawai. O longa em anime teve sua estreia em 18 de agosto de 2017, dirigido por Akiyuki Shinbo e Nobuyui Takeuchi, além de escrito por Hitoshi One, que realizou breves alterações.

Os nomes acima atuaram em trabalhos importantes, como Spirited Away, Penguindrum, Bakemonogatari, Puella Magi Madoka Magica, Nisekoi. Aliás, Nobuyuki faz parte do estúdio SHAFT e novamente deixa a marca da empresa na animação, que é o “head tilt”, ou seja, uso da “inclinação da cabeça” de ângulos ímpares da câmera.

Por curiosidade, Fireworks chegou a passar em alguns cinemas brasileiros, podendo ser encontrado atualmente na plataforma da Netflix, com dublagem em português inclusa. Também teve, respectivamente, anúncio e publicação pela editora NewPOP do mangá e da light novel em terras brasileiras.

Conhecendo a história

Casal na imagem, a mulher na frente e o homem no lado, mais afastado. Fogos de artifício ao fundo

A história ocorre no início do verão, época boa para reunir amigos e admirar belas paisagens. De início, é apresentado um dos protagonistas, Norimichi Shimada, que junto dos seus quatros colegas (Yuusuke Azumi, Kazuhiro, Minoru e Junichi Tajima) tenta resolver um questionamento surgido entre eles: qual a verdadeira forma que fogos de artifício possuem, seriam redondos ou planos? 

No meio da respectiva dúvida, existem sentimentos relacionados à uma garota reservada e misteriosa, chamada Nazuna Oikawa. Ela é colega de classe deles e descobre que vai precisar mudar de escola/cidade, de modo que tenta fugir ou pelo menos ter um último dia especial com a pessoa amada.

Três personagens gostam da Nazuna e ela chama um deles para sair… quando tal fato acontece, uma esfera luminosa é apresentada ao público, mostrando o lado fantasioso da história. Afinal, ao jogar tal artefato no ar, com toda a força e desejo existentes no mundo, torna-se possível “voltar no tempo” e mudar os acontecimentos do momento pensado.

Algumas das luzes de Fireworks

Casal na bicicleta, a menina com um rosto de pesar e o menino com um rosto confuso e surpreso

Sobre alguns dos aspectos técnicos, pode-se afirmar que o com maior destaque é o visual relativo à animação e ao design dos personagens. O primeiro têm momentos de muita beleza, perdendo-se algumas vezes em razão da computação gráfica, com cenas estáticas e que parecem não encaixar, tirando a beleza inicial.

O segundo ficou por conta do Akio Watanabe, responsável também pelas artes das figuras de Nisemonogatari e Bakemonogatari. O traço é bem distinto e reconhecível, tanto que pensei na obra enquanto assistia, sendo que é bem atraente e chamativo, mesmo tendo roupas bem simples na maior parte do filme e aparências pouco ousadas, combinando com a monotonia da vida real.

Quanto às questões musicais, o mérito fica para o compositor Satoru Kousaki, nome muito conhecido e envolvido com obras de peso, como Lucky Star e The Melancholy of Haruhi Suzumiya. A trilha sonora é tranquila e acompanha bem o ritmo do anime, tendo destaque a música final, chamada “Uchiage Hanabi”, por DAOKO x Kenshi Yonezu.

Por último, optaram por chamar dubladores menos conhecidos (Suzu Hirose – Nazuna Oikawa, Masaki Suda – Norimichi Shimada, Mamory Miyano – Yuusuke Azumi), até mesmo pessoas que não possuem a dublagem como profissão principal. Ainda assim, tal decisão não atrapalhou o anime, todas as vozes combinaram bem e foram satisfatórias. 

Quando a aparência não é suficiente

A premissa de Fireworks é uma receita que tem tudo para dar certo: visual bonito, casal romântico com problema para ficarem juntos, clima amigável, viagem no tempo (não é um loop temporal e sim uma viagem entre dimensões).  

O último ponto é um que sempre chama atenção nas obras, pois deixa o espectador apreensivo, questionando quando tudo vai dar errado. Também faz pensar sobre o funcionamento do salto temporal e derivados, se um dia funcionaria ou não. 

Casal encostando a testa uma na outra, enquanto suas mãos ficam próximas com uma esfera brilhosa levitando entre elas.

Acontece que o longa falha em todos os itens mencionados. O casal não convence, não é possível entender como, quando, o motivo deles terem sentimentos um pelo outro. A viagem entre dimensões deixa muitas dúvidas sobre o que era real ou não e é mal explicada, na verdade, não há esclarecimento algum.

Além disso, a pergunta que os amigos tentam resolver, sobre fogos de artifício serem planos ou redondos. Ela aparece várias vezes e fica cansativo, mesmo com a ideia interessante de passar um pensamento de estarmos predestinados ou podermos sair do ciclo a partir de escolhas.

O sentimento final é de arrependimento

Em relação ao clima amigável, realmente, é bem tranquilo. Tranquilo até demais. Passou várias vezes na cabeça o desejo de querer que acabasse logo, de sentir que parecia um filme infinito… mas ele tem apenas uma hora e meia. 

Dos personagens, a mais interessante é a Nazuna, o resto não tem muita relevância, não chama atenção, as personalidades são irritantes e insossos. Não sendo suficiente, ainda colocaram um fanservice inútil no filme, falando de peitos grandes e cometendo assédio contra uma professora no ambiente de trabalho.

Lembrando que os personagens são praticamente crianças. Realmente, criança faz umas brincadeiras bobas e inúteis, sem notar muito o peso delas, mas a obra foi escrita por adultos, então não tem desculpa. Nesses momentos era inevitável não revirar os olhos e pensar porque alguém como a Nazuna se interessaria por qualquer dos garotos do grupo, de tão infantis.

Enfim, o filme não convence e é chato. Apesar de trazer a reflexão sobre mudar o futuro, Fireworks chama mais a atenção pela inconsistência, confusão e sensação de vazio e de perda de tempo. Caso queira assistir ainda assim, melhor ir sem expectativas.

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