O mangá de Fruits Basket foi lançado no Japão em 1998 e já em seus primeiros anos fez um sucesso estrondoso no país nipônico, se tornando um clássico anos depois. Mas foi apenas em 2019 que o Brasil passou a apreciar essa obra que marcou uma geração de jovens japoneses. 

Furuba, como carinhosamente é chamado, chegou na temporada final e promete ser bastante fiel à obra original! O novo anime ajudou a alavancar a popularidade com os brasileiros, que mal conheciam a obra antes.

Exatamente para aquecer essa última temporada, é uma boa hora para falar um pouco do sucesso da obra no Japão e como a história tem sido mais notada no Brasil. 

Além do anime mais recente, que é um remake – vamos explicar essa história também – o mangá está em publicação pela segunda vez, agora em sua versão de colecionador, finalizada em 12 volumes, mas com publicação em andamento no Brasil. 

Bora explicar todo o “fenômeno Fruits Basket”, pois não foi da noite pro dia que a história passou a ser mais notada no Brasil. E antes de mais nada, válido mandar a sinopse só para você, que ainda não conhece, saber do que se trata. 

Sinopse oficial da JBC: Fruits Basket, ou Furuba, como é chamado carinhosamente pelos fãs da série, acompanha a história de Tohru Honda, uma jovem estudante do Ensino Médio que se viu sozinha no mundo depois que sua mãe morreu. Sem ter onde morar e ninguém para lhe amparar, ela acaba conhecendo os garotos da família Souma, uma família cheia de segredos e alguns deles envolvendo os 12 signos do Horóscopo Chinês.

Apresento-lhes: Tohru Honda, a protagonista!

Sucesso absoluto no Japão 

Fruits Basket no Japão fez um sucesso praticamente imediato quando foi lançado. Em 2001, apenas 3 anos depois do lançamento, Fruits Basket recebeu o Kodansha Manga Award.

A premiação existe até hoje e já premiou dezenas de obras que chegaram ao Ocidente, como Beastars, Great Teacher Onizuka, Vinland Saga e Chihayafuru. 

Naquele ano Fruits Basket ganhou a premiação na categoria de melhor mangá shoujo. Nos EUA também não passou despercebido e ganhou a categoria de Melhor Mangá no American Anime Awards em 2007, quando foi publicado no país norte-americano. 

Eu, Pah, conheço a obra desde o primeiro lançamento do mangá no Brasil, lá nos anos 2000, então eu sabia que a obra já era muito bem recebida no Japão e no mundo enquanto eu acompanhava o lançamento.

Como One Piece, Furuba moldou meu caráter, mas nunca tive uma abertura legal para falar da obra por aqui, pois o fandom da época não estava atenta à história e, como bem sabemos, “romance para mulher” não é muito respeitado e consumido. 

Primeira produção para anime

O título recebeu uma adaptação em anime também em 2001. Obras em mangá que recebem rapidamente adaptação em anime é uma maneira de mostrar o mérito que a obra teve no país, assim como uma métrica de popularidade.

Apesar da Natsuki Takaya, autora da obra, não ter gostado da primeira adaptação, foi um anime de muito sucesso naquele ano, no Top 20 de assistidos e lembrados, chegando a ganhar o Animage Anime Grand Prix Award em 2001, prêmio japonês de animação. 

Para fechar com chave de ouro, o sucesso da obra não foi apenas enquanto era publicado. Furuba está na lista dos 100 mangás mais importantes e lembrados do Japão, de acordo com levantamento da TV Asahi.

Mesmo com esse sucesso todo fora do Brasil, aqui a obra simplesmente passou despercebida nos anos 2000, ainda que tenha sido lançada pela Editora JBC. O anime de 2001 sequer passou aqui oficialmente, deixando de aproveitar todo tipo de hype que o Japão criou.

A passagem no Brasil

O mangá chegou ainda em 2005 por aqui, mas nunca chegou aos pés de ter um sucesso próximo em qualquer outra parte do Ocidente, imagina então do Japão, não é?

Porém, Furuba ainda é um dos mangás shojo mais lembrados, ainda mais na época do primeiro lançamento, que não era um tipo de mangá comum no país.

A obra acabou em 2007, com os 23 volumes lançados. Enfim em 2019, aproveitando o remake do anime no Japão, a JBC trouxe a edição de de colecionador (versão Aizouban do Japão), dando uma segunda chance para obra.

E foi justamente em 2019 que tivemos brasileiros notando a grandiosidade de Fruits Basket, tanto pelo mangá quanto pelo anime. Não é um romance escolar qualquer, não teve um sucesso à toa no Japão e há muitos motivos para gostar da obra. 

Diretamente do túnel do tempo da minha coleção! Essa é a primeira versão da JBC, a atual é mais bonitona ainda.

O anime remake

No Brasil, a nova animação veio primeiro pela Sato Company, que detém os direitos de exibição e disponibilizou na Amazon Prime Video.

Depois veio a Funimation, com a chegada em novembro de 2020, que trouxe o anime para o catálogo. Ao contrário do anime antigo, que chegou a adaptar os 6 ou 7 primeiros volumes, o remake vai até o fim da história.

Neste ano de 2021, o anime recebeu a dublagem pela DuBrasil. É importante ressaltar que apenas obras com um apelo comercial e relativamente conhecidas que recebem esse tipo de atenção. 

A dublagem é uma prova de que a obra passou a ser um sucesso no Brasil, ainda que não dê para colocar em pé de igualdade com obras extremamente famosas, como Naruto, One Piece e Jujutsu Kaisen. 

Mas é um sinal positivo de que a obra foi notada, tem uma fanbase existente e pessoas consumindo com mais afinco. O que era totalmente impensável lá em 2005.

O remake foi feito em 2019 pelo estúdio TMS Entertainment e já conta com 2 temporadas de 25 episódios. A 3ª temporada estreou em abril deste ano – justamente no dia desta postagem, inclusive – e também chegou ao Brasil em formato simulcast via Funimation, legendado e dublado.

Grandiosidade da obra?

No Japão, Furuba foi lançado na revista Hana to Yume, da editora Hakusensha, também editora de obras como Natsume Yuujinchou, 3-no Lion, Asobi Asobase e Berserk.

A primeira característica a ser notada é a quantidade de volumes da obra, pois um shojo de romance escolar com mais de 20 volumes é incomum.

Os romances escolares japoneses costumam ser compactos, com cerca de 10 a 15 volumes, no máximo. Quando um shojo escolar ultrapassa esse marco é porque a obra fez muito sucesso e teve uma recepção muito boa para ter animações e outras adaptações, como live actions, doramas e peças teatrais. 

Outros motivos

Mas existem alguns motivos para o sucesso de Fruits Basket no Japão e que acabou só chegando recentemente no Brasil.

O primeiro deles é o público esperar um romance escolar tradicional e receber uma história que mistura fantasia com drama. O romance mesmo fica em segundo plano e só há mais desenvolvimento na etapa final da obra. 

Além disso, mesmo sendo da década de 1990, Fruits Basket trata de temas bem atuais e conversa de maneira positiva sobre questões sociais, psicológicas e de comportamento da sociedade.  

Falando em fantasia e drama

O drama de Fruits Basket é simplesmente um dos pontos altos da história. As tragédias tratadas aparecem com sensibilidade, assim como os relacionamentos familiares abusivos e tóxicos.

São temas que Furuba dá uma verdadeira aula de como tentar ser feliz depois de vários problemas ocorrendo na infância e adolescência. 

Sabe, por exemplo, abandono parental? Abusos físicos e destrato com filhos? A obediência e servidão apenas por existir laço de sangue? As pressões e julgamentos? Todos esses assuntos fazem parte de alguns personagens de Fruits Basket. 

Nesse ponto é bom lembrar também do recorte japonês. Muitas problemáticas desses abusos estão centrados na realidade japonesa, mas há similaridades com a realidade brasileira. 

Nem tudo é desgraça

Mas não se trata só de abusos. Assuntos como perseverança, local de escuta, resiliência e conquistas são inseridos como soluções para lidar com tantas angústias. Há também um tom cômico que permeia vários momentos da obra, deixando tudo mais leve. 

Ainda que a Tohru Honda, protagonista da obra, seja um caso bem utópico de “solução”, muitos ensinamentos que ela traz e aprende dão força e sensibilidade para gente ver o outro, compreender o outro e ter empatia.

O artifício da fantasia

Quando vamos para o campo da fantasia, toda a história da Família Sohma, e o que envolve a maldição, permeia muita coisa do folclore asiático e levam a gente para caminhos bem diferentes do que se espera de um “shojo escolar”.

Os conceitos dos signos chineses dão mais um tempero para que o drama tenha ainda mais complicações para ser solucionado. 

Resumindo: Furuba é o tipo de obra para chorar, mas depois ter um quentinho no coração e acreditar que tudo vai dar certo, pois é possível evoluir e superar traumas. 

Os personagens

O trio principal: Tohru, Kyo e Yuki, são as grandes estrelas da obra, mas não são os que carregam a história. E por que digo isso? Os personagens secundários de Furuba têm muito desenvolvimento. 

Pensa o seguinte, nas devidas proporções. One Piece é uma obra com centenas de personagens secundários, normalmente que aparecem em uma saga ou impactam a obra de maneira pontual. 

E mesmo assim são personagens que têm contexto, passado, personalidade, tão bem aproveitados que voltam a aparecer em outros momentos da história. Então temos desde o Bon Clay até a Koala, por exemplo.

No entanto é inegável a importâncias desses 3. Cada um possui suas dores e têm personalidades muito próprias. Entre todos, acredito que Yuki tenha a história mais sensível e uma evolução pessoal absurda na obra.

O trio de protagonistas. 3 cheirosos.

Personagens secundários de Fruits Basket

Quando falamos de Fruits Basket, esse tipo de aproveitamento dos personagens secundários é um diferencial absurdo. Não é apenas o trio principal que faz a história andar.

Shigure, que também está ali na casa e é um personagem bem presente, molda muito o caráter do trio principal e tem uma participação fundamental. 

Mas também não é só ele. Ayame, irmão de Yuki, tem um papel recorrente e, mesmo tendo um impacto menor do que os protagonistas, faz total diferença. Praticamente todos os signos chineses têm papéis importantes, com um deslize ou outro durante a história. 

No geral, os personagens que vão conhecendo a Tohru têm questões únicas, complicações próprias que vão aos poucos sendo solucionadas não só com ajuda de Tohru, mas de outros personagens também. É o caso de Rin, que é ajudada por familiares da família Sohma e pela própria Tohru. 

O trio dos gostosos que agregam demais na história! Da esquerda pra direita: Ayame, Hattori e Shigure

E esse é só um exemplo, todos os personagens amaldiçoados são impactados pelas ações de Tohru, o gato e o rato. A narrativa também ajuda bastante para gente se identificar com os personagens secundários e até mesmo querer adivinhar os signos que ainda vão aparecer. 

É uma jornada bem bonita, com aprendizado, emoção e sorrisos. Agora que teremos um final digno e de acordo com o mangá, tá mais que na hora de começar a consumir uma obra dessa magnitude. Vai com o coração! 

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