Kimi no Suizou wo Tabetai (Eu Quero Comer Seu Pâncreas) é um filme de animação japonesa voltado principalmente para o gênero dramático. A direção e o roteiro ficaram à cargo de Ushijima Shinichirou, que já atuou em obras como Chihayafuru, One Punch Man, Death Parade e Hunter x Hunter.

O longa é uma adaptação da novel com o mesmo título, escrita por Sumino Yoru e ilustrada por Kirihara Idumi. Originalmente postado em 2014, em um website japonês baseado em conteúdos gerados pelos usuários, chamado Shōsetsuka ni Narō (“Vamos nos tornar Novelistas”). 

Em junho de 2015, a Futabasha publicou a novel impressa, enquanto a licenciadora inglesa, Seven Seas Entertainment, lançou o romance em inglês em 2018. Além disso, gerou um live-action homônimo, com estreia em 2017 no Japão, bem como uma adaptação do mangá por Kirihara Idumi, que saiu em 2016 pela revista Monthly Action, da Futabasha.

Com mais de 2 milhões de cópias impressas, fica a certeza de ser uma história no mínimo marcante e envolvente. Vamos conhecê-la?

Tudo começa a partir de escolhas

A trama de Kimi no Suizou Wo Tabetai gira em torno de dois estudantes do colegial, com personalidades bem distintas. O protagonista masculino e “sem nome” demonstra apatia e indiferença sobre o mundo e as pessoas ao redor dele. Outra característica marcante é a paixão por livros. 

Por outro lado, a menina, Sakura Yamauchi, aparenta amar se relacionar, estando rodeada de pessoas e sempre coberta de empolgação pela vida. Diferente dele, não é muito fã de leitura. 

O caminho dos dois se cruza quando o adolescente encontra o diário de Sakura, intitulado “Vivendo com a Morte”. Ele descobre que a garota tem uma doença terminal e que é um segredo. Quando chega a revelação, o colega de classe não tem a reação que ela esperava, despertando sua curiosidade sobre o jovem.

Com isso, Sakura tenta se aproximar, querendo conhecê-lo melhor. Aos poucos, os dois criam fortes conexões e sentem grandes mudanças acontecendo, junto com descobertas diversas sobre o significado da vida.

Algumas das lindas pétalas de Kimi no Suizou wo Tabetai

Um dos atrativos do longa com certeza é o visual, que teve Yūichi Oka como diretor chefe e responsável pelo design dos personagens. Trabalharam ao lado dele Yukako Ogawa (diretor de arte), Yoshinori Horikawa (design de cores), Mayuko Koike (diretor de fotografia) e Koremi Kishi (diretor de 3DCG).

O resultado foram cenas suaves e simples, remetendo ao cotidiano e à momentos tocantes. Fica o destaque para as comidas deliciosoas que aparecem no filme e uma das cenas finais. Ela remete ao livro “O Pequeno Princípe“, que é bastante mencionado por ser a leitura favorita da Sakura.

De todo modo, os dois entram em um universo com traços parecidos aos criados por Antoine de Saint-Exupéry, ocasião em que ilustram ensinamentos valiosos sobre a vida e sentimentos profundos. É um dos ápices da animação japonesa, junto com a trilha sonora inicial e final composta por Sebu Hiroko e performada pelo grupo musical sumika.

Acredito que uma das frases de O Pequeno Príncipe define bem o conjunto de Kimi no Suizou wo Tabetai, qual seja: “A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar.” É uma arte que diz para o espectador sentir. Sinta o personagem, a música, o ambiente… sinta sempre, mesmo que doa muito ou um pouquinho, compensa correr o risco.

O clichê as vezes compensa

Para quem é fã de Kimi no Na wa, Koe no Katachi, Byousoku 5 Centimeter e outras obras do gênero, certamente irá gostar de Kimi no Suizou wo Tabetai. O filme é cheio de reflexões interessantes, abordadas da maneira mais singela possível. 

Ademais, os personagens e os dramas são carismáticos e verdadeiros, sem apresentar excessos. O traço contribui para acrescentar delicadeza nas questões, bem como o ambiente. Tais fatores trazem a intensidade necessária em cada cena, tornando impossível não se emocionar ou se colocar no lugar dos personagens. 

Outra parte curiosa da obra é a construção do enredo. Afinal, tudo acaba perfeitamente encaixado e explicado. Inclusive, a escolha das ordens dos acontecimentos foi excelente, pois a tragédia é trazida desde o início e o final consegue entregar uma boa reviravolta.

Também é ótimo saber que o título faz sentido, principalmente pela “estranheza” que causa quando você não assistiu o longa ainda. Assim, em um resultado geral, o filme conquista o espectador, mesmo com uma premissa simples e meio óbvia.

Há vários elementos que prendem quem está assistindo e os responsáveis pela produção conseguiram trazer bons diferenciais. Portanto, a dica do dia é: aproveita o friozinho, encontra uma coberta, separa uns lencinhos e dá o play. Valerá a pena!

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