Nos primórdios da TV Manchete, ainda na década de 80, os desenhos animados japoneses ganharam uma grande audiência e passaram a fazer parte da infância de muitos adultos, que hoje beiram os seus 30 anos (ou mais). Hoje, com a tecnologia e a internet, as mídias japonesas se tornaram bem mais acessíveis, principalmente com a entrada do mercado de streaming de animes. 

Para entender melhor a entrada de empresas de streaming, é preciso contextualizar o mercado no Brasil e no mundo. A partir da década de 80, parte da cultura japonesa saiu da bolha dos imigrantes japoneses e coreanos em São Paulo, e chegou em boa parte do Brasil. Naquela época, até a primeira década do século XXI, consumir esse tipo de mídia só era possível através da TV aberta e TV por assinatura. 

Os canais mais conhecidos certamente foram a Manchete, Globo, SBT, Band, PlayTV, Animax, Locomotion, Nickelodeon, Fox Kids/Jetix etc. Atualmente, há poucos canais com horários dedicados a transmitirem animes, como a Rede Brasil, Cartoon Network e de forma irregular e meio bagunçada como a RedeTV, como foi com Pokémon

Porém, apesar de tantos canais disponibilizarem algumas séries icônicas, como Cavaleiros do Zodíaco, Sakura Card Captors, Dragon Ball, Sailor Moon, entre outros, as opções ainda eram pequenas se levasse em consideração o tamanho da indústria da animação japonesa. É a partir do início do século XXI que a pirataria foi a porta de entrada para conhecer essas outras histórias.

Imagem das sagas de Poseidon e Hades de Cavaleiros do Zodíaco clássico
Anime clássico de CDZ passou na Manchete, Band e Play TV.
Fonte: FandomWiki.

A pirataria da década de 90 até os dias atuais

Para assistir animes considerados clássicos pelos japoneses, como Legend of the Galactic Heroes, por exemplo, era preciso ter uma internet ao menos discada, ou pedir para alguém piratear em VHS alguns episódios. Para os fãs da década de 90 as opções eram baixar mangás e animes com legendas de fã, ou comprar vídeo cassetes (e depois dvds) piratas no bairro da Liberdade.

Para conseguir um material oficial era preciso esperar produtoras ou empresas interessadas em trazer para cá. Alguns títulos tiveram algum sucesso, mas, novamente, o número de títulos dublados e vindos oficialmente eram bem pequenos em comparação com o que o mercado japonês tinha e tem para oferecer. 

Então, basicamente, a pirataria era o reduto de fãs, que assistiam anime online ou realizando download. Ainda existem plataformas piratas que legendam animes e os disponibilizam para baixar, mas isso tem mudado desde a criação de plataformas de streaming de animes

Não vou entrar ainda no mérito sobre pirataria ser ou não necessária, boa ou qualquer discussão a respeito. Esse texto não tem esse intuito, mas era impossível ignorar a pirataria como meio de popularização dos animes no Brasil (e até no ocidente como um todo). 

E quais são essas plataformas de streaming de animes?  

Esse texto pode parecer muito didático e básico para quem já conhece esse mercado e consome animes há muito tempo. No entanto, a intenção é fazer uma linha do tempo básica para os iniciantes entenderem o contexto histórico e como o mercado foi se moldando para atender os consumidores do mundo inteiro. 

O diferencial dessas plataformas é trabalhar com as produções japonesas de forma legalizada e oficial, profissionalizando o trabalho que antes era consumido através da pirataria. Não precisa mais comprar os DVDs piratas da Liberdade, e nem dar dinheiro para sites pouco confiáveis (por favor, não façam isso). 

Crunchyroll

A principal plataforma de streaming de animes e que possui um catálogo extenso e bem diverso é a Crunchyroll. É uma empresa que foi fundada em 2006, nos EUA, como uma forma de legendar e disponibilizar diferentes animes de forma acessível e rápida. Através de uma assinatura, o usuário tem um catálogo imenso para ver os animes sem nenhuma propaganda e recebe alguns episódios com antecedência. 

Naruto e Boruto, seu filho, posam juntos como se estivessem prontos para lutar
Um dos animes mais famosos no Ocidente está na Crunchyroll. Fonte: FandomWiki

A Crunchyroll possui os direitos de diversas franquias e animes de temporada, e legendam de forma oficial, empregando pessoas e realizando tudo de forma legal. Aqui no Brasil, a Crunchyroll chegou apenas em 2012, e está aí firme e forte trabalhando com diversos animes. Inclusive, recentemente passou a trabalhar com dublagem dos animes do catálogo, profissionalizando ainda mais a plataforma. 

O catálogo é bem diverso, agradando a todos os públicos. Há como assistir uma comédia leve como Himouto! Umaru-chan, até lutas insanas como Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer), Naruto e Hunter x Hunter. Vale acessar esse catálogo e dar uma olhada para realizar a assinatura, que é bem acessível para quem está afim de assistir muito anime.

Netflix

A plataforma mais conhecida pelos brasileiros também possui um catálogo específico de animes. Não é um catálogo tão grande como o da Crunchy, mas ainda assim possui títulos bem importantes como Madoka Magica, Nanatsu no Taizai, Magi, Neon Genesis Evangelion e muito mais. Apesar da empresa ter nascido ainda na década de 90, apenas em 2007 se tornou uma plataforma de streaming

As principais personagens do anime de Madoka Magica estão juntas nessa imagem, todas são garotas mágicas
Um aviso: não caia nos traços fofos, Madoka não é romance, nem comédia, nem lá muito fofo. Fonte: Divulgação/Netflix

Depois de 2017, a Netflix percebeu que era importante investir nesse mercado, não apenas para os brasileiros, mas de forma mundial. Com isso, também passou a criar animes originais, claro, em parceria de produtoras japonesas. Entre os mais conhecidos estão Ajin, Knights of Sidonia, Devilman Crybaby e Violet Evergarden

Amazon Prime 

A Amazon Prime é uma plataforma mais recente no Brasil, mas veio a ser uma concorrente direta da Netflix. Estando há 2 anos por aqui, apenas em 2018 passou a ter um catálogo interessante de animes. Também através de uma assinatura, é possível assistir todas as séries disponíveis.

Assim como a Crunchy e Netflix, a Amazon Prime também trabalha com algumas séries exclusivas, como Wotakoi: love is hard for otaku, Banana Fish, Dororo e Welcome to the Ballroom. Entre as plataformas, a Prime Video é a mais barata para iniciar, porém o catálogo não é tão grande para quem gosta muito de anime

Os dois casais principais do anime de Wotakoi: the love is hard for otaku estão nessa imagem
Wotakoi: love is hard for otaku é um anime bem divertido e leve de assistir! Fonte: Nefarious Reviews

Hidive

Ainda não é uma plataforma que chegou no Brasil, mas é a concorrente direta da Crunchyroll, dedicada apenas ao streaming de animes. Para acessar os animes da Hidive, é preciso pagar em dólar, mas também há muitas opções de animes para assistir. 

Apesar de ser uma plataforma com uma regionalização ineficaz, a Hidive possui um catálogo com legendas em português, com animes famosos, mas em sua maioria, mais alternativos. Entre eles estão Haikyuu, Food Wars, No Game no Life e Akame ga Kill. Porém, o ponto negativo é que o pagamento da assinatura é em dólar, então é preciso desembolsar uma boa grana para ter um catálogo ainda aquém do que realmente a plataforma oferece.

Conclusão

O surgimento dessas plataformas proporcionou que o mercado de animação japonesa chegasse com mais facilidade e com mais qualidade pelo mundo todo. Os fãs acostumados apenas com o que viam na TV aberta ou fechada antigamente, hoje podem ver de fato o tamanho do mercado japonês que produz animação.

De fato, ele é imenso e todo ano há novas séries. As temporadas de anime são divididas pelas estações do ano, e sempre há as opções de animes de curta duração, média e longa, conhecidas como séries contínuas. Esse assunto é para um outro texto, mas de toda forma, hoje nós temos maior acessibilidade de ver os animes dessas temporadas e alguns títulos antigos também. 

Entre todas as opções recomendadas, para quem realmente for fã de anime e quer ter mais opção para assistir, a Crunchyroll ainda é a melhor plataforma para começar. Há toda uma equipe de suporte no país, com profissionais brazucas mesmo! Além disso, eles sempre estão nos principais eventos geeks do país e possuem um ótimo trabalho nas redes sociais, tirando dúvidas com bastante frequência. 

Já as outras plataformas tem um grande foco nas culturas ocidentais, apesar disso estar mudando aos poucos. O que quero dizer é que não há um serviço especializado para o público otaku, porém são plataformas viáveis e válidas para iniciar nesse meio também. Enfim, divirta-se seja lá qual for sua escolha!

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