Great Pretender é uma animação japonesa dirigida por Hiro Kaburagi (91 Days, Kimi ni Todoke, Tonari no Kaibutsu-kun etc), voltada principalmente para os gêneros de ação, mistério, drama e aventura, com pitadas de comédia.

É um anime que foi produzido, originalmente, pelo Wit Studio (Shingeki no Kyojin, Hal, Vinland Saga). Ademais, teve estreia exclusiva na Netflix do Japão em junho de 2020, sendo lançado mundialmente em agosto do mesmo ano, na plataforma antes mencionada.

A classificação indicativa de Great Pretender é de 18 anos para cima e apresenta legenda e dublagem em português disponíveis. Vale destacar que a Netflix disponibilizou a primeira temporada completa, contando com apenas 14 episódios.

A jornada do “maior vigarista do Japão”

O anime foca na vida de Makoto Edamura, um jovem que adotou a vida do crime por causa de uma série de eventos infelizes. Assim, sobrevive da trapaça e do furto.

Em uma das aventuras dele, ao tentar enganar um turista, acabou levando a pior. Com isso, sentiu o título (autoproclamado) de “o maior vigarista do Japão” escorrer de suas mãos, mas não deixaria barato.

No fim, o encontro com o referido viajante acabaria por mudar todo o trajeto de Makoto. O protagonista não só passa a ter as habilidades postas à prova como também evolui as artimanhas. Fora do Japão, começa a enfrentar grandes riscos, sempre sem saber até onde as mentiras dele e do grupo em que está envolvido poderão prevalecer.

Great Pretender: juntos em Los Angeles

Os episódios são divididos em casos, sendo que cada caso possui um conjunto de cinco partes. Ou seja, cinco episódios de pelo menos vinte minutos. A primeira história se chama “Juntos em Los Angeles”.

Caso 1.1. Acontecimentos

A primeira cena é a do protagonista Makoto Edamura pendurado no letreiro de Hollywood, pedindo ajuda. Rapidamente o ambiente muda, apresentando um dos golpes aplicados com a ajuda do seu parceiro Kudou. Na ocasião, convencem uma idosa a comprar um caro sistema de filtragem de água.

Depois, tentam ludibriar o turista francês Laurent Thierry, mas acabam sendo enganados. Com isso, a polícia persegue Makoto, que se vê obrigado a fugir e encontra o viajante novamente, em um táxi. Os dois vão para o aeroporto e pegam um voo para Los Angeles. No caminho fizeram uma aposta: caso o japonês vendesse a mercadoria de Laurent por um preço maior, o turista trabalharia para ele. Se Makoto falhasse, seria assistente do loiro.

No entanto, o comprador de Laurent é alguém muito influente. Quando chegam em Beverly Hills, adentram na mansão de Eddie Cassano, um famoso produtor de cinema e chefão do tráfico. Lá, Makoto conhece a parceira do estrangeiro, Abigail “Abby” Jones, que finge ser uma aspirante a atriz, mas está infiltrada.

A mercadoria que Laurent quer vender é uma droga sintética em forma de doce no estilo japonês, apelidada de Sakura Magic. Abby prova o doce e finge um transe para convencer Cassano a comprar. Além disso, Makoto é apresentado como o cientista responsável por fabricar o produto com efeitos únicos.

Depois, Makoto se dá conta de ter caído em uma armadilha, então ele tenta fugir de Laurent após experimentar o doce, mas é capturado (estava com um dispositivo de rastreamento nele). Com isso, Cassano fica ainda mais impressionado, pois um dos capangas dele, que é o dobro do tamanho de Makoto, não consegue impedir a fuga.

É mostrado como o protagonista foi parar no letreiro, onde os novos “colegas” revelam ser vigaristas. Descobre-se que aplicam golpes somente em pessoas ruins.

Um início atraente

Great Pretender tem um bom impacto inaugural. A começar pela abertura (“G.P.”, de Yutaka Yamada), com uma música estilo espionagem e imagens focadas em figuras minimalistas. Outra parte chamativa são as cores, tanto nos episódios quanto na música de início.

Confesso, no entanto, que tive dificuldade de me acostumar com o cenário geométrico e a explosão de tonalidades. Mas depois de um tempo assistindo veio a adaptação e achei incrivelmente linda e vívida a animação, proporcionada por Kyouji Asano e Hirotaka Katou.

Inclusive, uma peculiaridade do anime é o ar ocidental presente nos traços, no ambiente e no próprio idioma. Também jogam vários estereótipos no ar, com a parte interessante de usar tais pensamentos para aplicar golpes.

Existe só uma ressalva que gostaria de fazer, que é justamente no momento que a Abby experimenta o doce. Achei uma reação bem exagerada e meio zoada, ficou com ares bem animalescos e me incomodou bastante. Fora isso, o episódio todo seguiu bem aceitável e dentro do normal (talvez com um fanservicezinho questionável aqui e ali, mas…).

Caso 1.2. Acontecimentos

Conversando com a mãe, Miki Edamura, Makoto recorda a razão de se tornar um vigarista. O pai era um criminoso, então encontrar emprego ficou difícil. Depois de muita insistência, conseguiu trabalhar como vendedor da empresa de Kudou e ajudou a mãe, que estava doente e acamada.

Ocorre que a empresa estava envolvida em fraude e o protagonista não tinha conhecimento disso. A polícia não acreditou, então Makoto foi preso. Ao sair da condicional, a ficha criminal impediu que achasse um novo emprego e a mãe veio a falecer na época. Sem outra maneira de ganhar a vida, Makoto realiza uma proposta para Kudou: viram parceiros e entram para o crime, com a meta de se tornar o maior vigarista do Japão.

No presente, Laurent explica sua intenção de explorar Makoto e revela toda a teia de envolvimento para atrair o japonês como um sócio (Kudou, idosa do filtro e outros estavam inclusos). Informa que o Sakura Magic é falso e que elaborou um plano para enganar Cassano, baseado em rumores que o francês inventou. Também explica toda a podridão do produtor de cinema, que vão para além do tráfico de drogas (mortes, corrupção, escravidão sexual etc).

À noite, Laurent encontra Cassano e faz um acordo para vender um lote enorme de Sakura Magic. Em casa, conversa com Makoto, que não parece satisfeito com o papel dele no esquema. Assim, espera a hora de dormir e tenta sair, mas Abby antecipa os passos dele e realiza duras críticas.

Isso não o impede de fugir. Ele sai acompanhado da figura de Toyotomi Hideyoshi (ganhou de um gashapon), um homem que o inspira, pois o considera o maior vigarista da história. Dois dias depois, os três se reencontram na mansão de Cassano, onde Makoto os cumprimenta com um renovado senso de confiança, surpreendendo-os.

As estrelas de Great Pretender

Honestamente, eu gostei de todos os personagens que apareceram até então. Tanto no quesito personalidade quanto no design, este elaborado por Hirotaka Katou e Yoshiyuki Sadamoto. Cada um brilha individualmente, mas a sinergia deles juntos é bem legal também, existe bastante fluidez. Até os coadjuvantes são carismáticos e/ou intrigantes.

O segundo episódio é mais parado, mas o espectador passa a conhecer mais o protagonista. As motivações, o passado, enfim, é um momento de apego e empatia, até mesmo de se reconhecer no Makoto. Eu acredito que fizeram um bom desenvolvimento nesse instante, não foi forçado e pode ser a realidade de algumas pessoas.

Vale dizer que no primeiro episódio já temos um gostinho do jeito de cada um, sendo que o Laurent e a Abby não ficam para trás na categoria “favoritos”. Os dois são muito instigantes e charmosos, no aspecto intelectual e físico. Assim, é meio difícil não querer saber mais sobre cada um deles.

Caso 1. 3. Acontecimentos

Quando “fugiu”, Makoto alugou e assistiu Razzie Rising, filme dirigido por Cassano. Na manhã seguinte, ele voltaria ao Japão, mas foi capturado no aeroporto por Salazar, um ex-chefe de gangue e atual empregado de Cassano. 

Forçado a ficar em Los Angeles até o fechamento do contrato, Makoto decidiu fingir que criou o Sakura Magic. Após criar vínculo emocional com ele por causa do filme assistido, ofereceu a Cassano uma fórmula falsa para a droga por um preço elevadíssimo.

Quando todos se reuniram, Cassano pediu uma prova das credenciais do pesquisador Makoto. Eles conseguiram com a ajuda de Kudou e da idosa de filtro, pois ambos criaram um espaço cheio de fotos e certificados e afirmaram que o doutor estava de férias. A equipe jurídica do mafioso verificou o necessário e confirmou a veracidade dos fatos.  

À noite, discutiram um local alternativo para o negócio, pois sabiam que estavam sendo vigiados pelo Departamento de Polícia de Los Angeles. No caminho, ocorre uma perseguição de carros, mas eles conseguem se livrar do policial Anderson, que estava no comando. Revela-se que a perseguição foi uma farsa para evitar suspeitas e que o policial recebe suborno de Cassano. 

O local combinado é uma cervejaria abandonada, atualmente usada para preparar drogas. Cassano ordena que Makoto produza a Sakura Magic na frente dele, mas o japonês afirma que as condições não são ideais, ganhando tempo para elaborar um plano. Enquanto aguardassem pela conclusão do laboratório, Makoto deveria permanecer na casa de Salazar, afastando-o de Laurent e Abby. 

O policial retorna para o local de espionagem e encontra uma agente do FBI chamada Paula Dickins. Ela está ciente de toda a armação, chantageando-o. Assim, assume o comando da unidade dele, com o objetivo de acabar com a rede de drogas de Cassano e desvendar os vigaristas.

Great Pretender merece uma chance?

Eu diria que merece mais do que uma chance. Afinal, além de personagens envolventes, o anime traz um enredo diferente e bem agitado. O último episódio é recheado de reviravoltas e tensão, com um final que tem gostinho de quero mais. É impossível não querer descobrir como o cientista Makoto vai sair dessa, quais artimanhas o grupo irá usar, por exemplo.

Assim, Great Pretender tem um enredo curioso e preenchido de ação, sendo raros os momentos que você sentirá tédio. Claro, há situações que você fica com a sensação de “ah, não acredito que caíram nisso?”, mas imagino que faça parte um pouco do ar da comédia e das excentricidades permitidas em mídias televisivas.

Por fim, a música de encerramento, na voz de ninguém mais ninguém menos que Freddie Mercury, falecido vocalista da banda Queen. Inclusive, o título da música é o mesmo que o do anime. O resultado foi incrível e mais uma vez focou em minimalismos, dessa vez com gatinhos fofos, intensos e sorrateiros surgindo na tela.

Ou seja, se ainda não colocou Great Pretender na sua lista, recomendo que faça o quanto antes. Para quem já assistiu, vem com a gente e conta se gostou também.

Topo
%d blogueiros gostam disto: