Quem acompanhou a última temporada sabe: foram altas emoções. Não foi fácil lidar com Shingeki no Kyojin, Re:Zero e Wonder Egg Priority, por exemplo, que era só dar o play no episódio da semana que já batia a ansiedade. Em meio a esse mar de instabilidade emocional, surgiu SK8 The Infinity. 

O anime, produzido pelo Estúdio Bones em parceria com a diretora Hiroko Utsumi, chegou quietinho, em meio a uma temporada de produções que já entraram em 2021 fazendo muito sucesso, e mesmo assim, conquistou o seu espaço. 

SK8 The Infinity é focado em Reki, um skatista, que cursa o segundo ano do ensino médio. Ele acaba conhecendo Langa, o novo aluno da sala que chegou recentemente do Canadá e demonstra interesse pelo hobby do protagonista.

O skatista então, apresenta esse universo pro canadense, levando-o para uma corrida clandestina conhecida como “S” , realizada em uma mina abandonada, que ele costuma frequentar. Os conflitos e as amizades surgem através das competições que os dois acabam se envolvendo. 

A direta está um menino de cabelo vermelho, usando uma banadana azul escura, de pele clara, ele usa um moletom amarelo, por baixo de uma camisa branca de manga curta. Ele está um pouco de perfil, olhando para o personagem a esquerda, que tem cabelo azul claro, de franja que chaga a metade do rosto, divida ao meio, ele usa uma camisa branca, entreaberta, por baixo da pra ver detalhe de uma camiseta escura. Ambos os personagens estão se entreolhando e com as mãos fechadas, e encostadas, como um cumprimento.
Langa e Reki definindo o toquinho deles.

Confia!

O piloto do anime já faz o suficiente para te atrair, com cenas cheias de identidade e uma animação dinâmica, a produção não deixa a desejar.

A equipe técnica responsável contou com nomes como:

  • Ichiro Okouchi como supervisor de animação (Code Geass: Lelouch of the Rebellion, Kabaneri of the Iron Fortress);
  • Michinori Chiba como designer de personagens (Basilisk, Mobile Suit Gundam: Iron-Blooded Orphans);
  • Ryō Takahashi como compositor musical (ACCA: 13-Territory Inspection Dept., Argonavis from BanG Dream!)
  • Chiyoko Ueno como diretora de animação (Violet Evergarden, A Voz do Silêncio, K-ON).

Além disso o próprio estúdio é responsável por outros grandes trabalhos, como Fullmetal Alchemist Brotherhood, Boku no Hero Academia e Cowboy Bebop. A diretora conta com Free! e Banana Fish em seu portfólio.

Para você ter uma ideia do backstage do piloto, dá uma olhada nessa thread da Sakuga Brasil:

Assista Sk8 the Infinity, gostoso demais!

Da abertura ao encerramento, Sk8 the Infinity entregou tudo o que a gente precisava nessa temporada: temas leves, conflitos palpáveis e personagens carismáticos. Com um plus de ação envolvendo skates, para deixar tudo mais legal. 

Mesmo os problemas apresentados servem como um acalento em meio ao caos. Em outras palavras, é tangível o suficiente para deixar um sentimento de “ok, eu já passei por isso e vai ficar tudo bem” ou “eu estou passando por isso e agora eu sei que vai ficar tudo bem”. 

Muito além do conflito com o vilão nas pistas, o skatista Adam, os principais problemas enfrentados no anime são aqueles que o próprio Reki cria consigo mesmo.

Fala muito sobre o sentimento de fraude que surge quando você se dá conta de que não é “o melhor no que você faz de melhor”.

Aquele conflito interno de quando você quer ficar feliz por um amigo que está indo muito bem em uma atividade, mas, simultaneamente, tem a frustração de aceitar que ele é mais habilidoso que você naquilo.

E, por fim, é sobre abandonar o orgulho e entender que o foco não é a competição, mas sim, ambos se divertirem juntos.

Langa e Reki enfrentando uma DR
Langa e Reki enfrentando uma DR

Não dá para agradar todo mundo

Muitos acharam a conclusão do anime fraca, por resumir tudo a amizade e diversão, mas, ela faz todo o sentido no contexto e nos conflitos apresentados.

O roteiro podia resolver tudo fazendo com que o protagonista simplesmente desbloqueasse uma habilidade oculta e fizesse dele o melhor skatista daquela pista.

Mas não, a resolução é muito mais real. Fala a respeito de você aceitar seus pontos fracos, saber olhar pra si mesmo e reconhecer as suas habilidades, seus diferenciais e tirar vantagem disso, sempre priorizando a possibilidade de se divertir com aquilo. 

E se você achou que isso era o suficiente para esse anime te deixar com aquela sensação de abraço, SK8 The Infinity nos deu mais. Hiroko Utsumi deixou sua marca.

Sk8 The Infitiny: Queerbating ou não? 

Na cena, em primeiro plano tem um personagem de costas, ele tem cabelo apenas no topo da cabeça e é ruivo. Mas o foco está nos personagens em segundo plano. El estão abraçados, o menino a esquerda tem cabelo azul claro, a pele bem branca, e tem uma expressão séria, ele está dizendo "Vou te proteger". O personagem a direita, tem cabelo vermelho e usa uma bandana azul escura, ele também tem uma expressão séria e abraça o outro personagem na intenção de pedir socorro. O cenário é uma praia, por isso todos estão sem camisa.
Langa protegendo o namorad.. o Reki!

Quase toda temporada nós somos presenteados pelos animes de esporte, ou melhor dizendo, “animes que dão abertura para shippar todos os personagens masculinos entre si de alguma forma”.

E Hiroko Utsumi faz isso muito bem.

Você deve ter visto na thread da Sakuga Brasil (que ficou linkada um pouco mais ali em cima), que uma das assinaturas da diretora são aqueles momentos “em que um rapaz observa, admirado, outro rapaz fazendo algo que o encanta muito”.

Em Sk8 the Infinity isso não é diferente. 

O alarde em volta do shipp Reki x Langa existe entre cochichos desde o início do lançamento dos episódios. Porém, ele ganhou tom de gritaria depois do oitavo episódio lançado.

Isso é porque acontece esse cena aí:

Na cena, o Langa, um dos personagens do anime, conta à mãe dele sobre uma dificuldade que ele está tendo com uma pessoa que ele “gosta”, a mãe até chega a dizer “Você tem que agir sobre isso se realmente se preocupa com ela” e ele reage de forma confusa, por não se tratar ‘dela’ e sim ‘dele’.

Depois dessa cena, fora alguns abraços e troca de olhares, não temos nada mais efetivo que tenha levado o shipp pra frente. Eles seguem como amigos do começo ao fim do anime. 

Bora estudar japonês!

Uma das discussões que surgiram é se o “gostar”, ao qual ele se referia, seria apenas um gostar de amigo ou um gostar romântico. Para entender isso, nós vamos destrinchar um pouco o japonês.

O termo dito pela mãe dele é o “Suki”, que é utilizado tanto para gostar quanto para amar.

Você pode usar para coisas, como “Watashi wa rámen ga suki (Eu gosto de rámen). Mas, pode ter uma conotação amorosa também, pode ser dito “Boku wa kimi no koto ga suki desu” (eu gosto de você). 

Na cena, a mãe do Langa pergunta “Suki nan desu?” se referindo a “você gosta dessa pessoa?”. Entretanto, esse gostar não fica claro se tem um tom romântico ou não. 

No fim essa cena é considerada por muitos uma confirmação dos sentimentos do Langa pelo Reki e até a “saída do armário” dele. Contudo, ela, realmente, deixa um pouco em aberto ali se existe esse romance mesmo.

Além disso, outros personagens podem ser somados a essa discussão. O Adam, frequentemente utiliza de termos como “amor” e “casamento” para se referir ao adversário perfeito no skate. 

Para saber um pouco mais sobre a importância de contemplar o público LGBT, leia o texto “Potencial público para as editoras de quadrinhos: cerca de 20 milhões de LGBTs”. Apesar de ser de 2019, segue muito atual.

Abrirei aqui um espaço para deixar a minha opinião:

Acredito que a cena reúne elementos o suficiente para ficar clara as verdadeiras intenções do personagem, devido a isso, em minha visão, não é queerbaiting.

Apesar de ser bem sutil, animes que utilizam desse artifício não oferecem nem mesmo cenas como essa.

A relação do Reki e do Langa tem abertura o bastante para poder ser comparada a relação inicial do Yuri e do Victor (Yuri on Ice!), por exemplo, e caso existam outras temporadas, ela pode evoluir ainda mais.

Mas e aí, essa segunda temporada sai?

SK8 the Infinity: Segunda temporada?

SK8 The Infinity ainda não foi renovado, devido a isso, não há previsão de uma segunda temporada. A produção lidou com alguns problemas, quando ainda estava em andamento no Studio Bones.

A equipe era limitada, dessa forma, os profissionais tiveram que desempenhar várias funções ao mesmo tempo. Chegou a ter problemas com o prazo de entrega, apelando até para um episódio de “reprise”, comum quando acontece algum atraso.

Outro anime da temporada que lidou com uma situação parecida foi Wonder Egg Priority

Por enquanto, só temos que esperar e torcer. Você pode assistir a todos os episódios de Sk8 The Infinity no site oficial da Funimation. 

Reki e Langa se entreolhando apaixonados

Recomendação de leitura: O que é yuri e quem consome esse tipo de mangá e anime?

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