#Alive (título original: #Salaidda) é um filme sul-coreano dirigido pelo cineasta estreante Cho Il-hyung, sendo que o roteiro foi co-escrito por ele, junto com Matt Naylor. Focado em zumbis e conflitos internos, os gêneros em destaque são ação, terror, suspense e drama.

Em razão do sucesso nas bilheterias coreanas, a Netflix decidiu adquirir os direitos internacionais do longa. Assim, teve estreia mundial na plataforma de streaming no dia 08/09/2020, alcançando o top 10 de produções mais vistas da semana.

Outro marco interessante de #Alive é a avaliação alcançada no Rotten Tomatoes, com 85% de aprovação pela mídia especializada e 60% por parte do público.

O começo de tudo

A história de #Alive acompanha o protagonista Joon-woo (Yoo Ah-in, Em Chamas – 2018), que é streamer e mora com a família, composta pelos pais e uma irmã. Em um dia qualquer, ele acorda e decide jogar com os amigos, ocasião em que é avisado para olhar a televisão.

No canal de notícias, o alerta: uma doença misteriosa, mais tarde classificada como um tipo de vírus, estava se espalhando rapidamente por Seul. Quem estava infectado acabava em descontrole e perdia alguns dos sentidos, bem como devorava quem estivesse próximo. Para piorar a situação, o governo não sabia como conter e lidar com o surto, tornando o cenário caótico.

Preso no apartamento, Joon-woo observa tudo pela varanda e pela televisão, com o intuito de sobreviver ao ataque dos zumbis. No entanto, tais criaturas não são as únicas inimigas. Há a ausência de alimentos e de sanidade mental, bem como a solidão e a preocupação com a família, que saiu no dia para trabalhar, estudar e resolver pendências.

Com as esperanças esgotadas, uma centelha aparece, chamada Kim Yoo-bin (Shin-Hye Park, Memórias de Alhambra – 2018). Ela é vizinha de Joon-woo e ajuda o jovem streamer a encontrar forças para seguir lutando, mostrando ser alguém inteligente e com habilidades tradicionais (telescópio, ferramentas de acampamento) para combater os zumbis, enquanto ele utiliza a tecnologia (drones, fones de ouvido) a seu favor.

Alguns dos elementos para a receita do apocalipse zumbi

Em relação ao elenco, pode-se afirmar que tanto Yoo Ah-in quanto Shin-Hye Park desempenharam bem os respectivos papeis. O primeiro soube entregar uma ótima cena de drama, enquanto a segunda trouxe bons momentos de ação. Apenas as expressões que vez ou outra pareceram não encaixar.

Os personagens secundários tiveram participações menores. No entanto, a química dos atores principais compensou a ausência de outros núcleos. E os zumbis tinham uma aparência e habilidades marcantes e diferenciadas também, conseguindo atrair a atenção do público. Nesse quesito, merece parabéns a equipe responsável pela maquiagem.

Sobre o som, tem-se uma trilha sonora tímida, que aparece em momentos específicos e raros. Contudo, foram ótimas escolhas de timing e melodias, casando bem com as cenas. Mesclou momentos de artistas da cultura pop coreana com momentos de edição e mixagem de som, para os efeitos sonoros necessários.

Quanto à paleta de cores. A maioria das cenas ocorre em ambientes com tons frios e pasteis. Ou seja, voltada para um cenário de melancolia, desordem e ausência de sentimentos animadores. Contribuiu, assim, para a construção de um cenário apocalíptico, refletindo também o lado interno do protagonista. Aliada à fotografia do longa, com enquadramentos de tirar o fôlego, literalmente — em razão dos espaços fechados percorridos.

Por último, O CGI utilizado e os “efeitos especiais”. Os dois são merecedores de elogios, pois criaram um interessante sentimento de realidade. Não ficou forçado ou exagerado. Os olhos esbranquiçados, a transformação, os barulhos… enfim, todo esse conjunto criou um ser memorável. Não diria que o bicho em si dá medo, mas causa incômodo, chegando a um resultado satisfatório.

Um filme dentro dos parâmetros

Eu gostaria de esclarecer, a princípio, que não sou fã de temas relacionados à zumbis. Mesmo assim, quando vi #Alive no Top 10 da Netflix e li a sinopse, fiquei bem interessada. Também lembro de ter gostado da imagem que apareceu na tela principal.

Já assisti um ou outro filme que abordasse essas criaturas, até mesmo a série The Walking Dead (me prendeu bastante, mas abandonei depois de um tempo). Assim, sigo sem ser muito apegada aos zumbis, mas reconheço os atrativos do longa coreano.

O principal é o fato de focar no isolamento do protagonista, em especial na época atual, por causa da pandemia e da quarentena. Com isso, fica impossível não se colocar no lugar de Joon-wo e compreender as dores dele. Também é legal ele ser um personagem gamer, que é outra característica capaz de aproximar o público-alvo.

Outro quesito é a importância da tecnologia em momentos de crise, sobre como ela facilita a divulgação e a comunicação. Mas também pode agravar as situações de pânico, por meio da desinformação ou de excentricidades.

O filme #Alive segue um roteiro simples, com a proposta única de entreter, sem oferecer algo fora do padrão. Mesmo com o clichê, consegue prender o espectador e trazer momentos de tensão. Ainda assim, deixa ares questionáveis no ar, com os momentos de propaganda e o final acelerado, justo quando alcança um ritmo intenso e envolvente.

Querendo ou não, é uma obra que merece ser vista para quem curte a temática. Afinal, anda sendo comparada com outros trabalhos renomados, como Invasão Zumbi (Train to Busan) 1 e 2. Logo, que tal aproveitar um fim de semana ou algum dia que esteja de bobeira e dar aquela chance, seja para passar o tempo ou para admirar os mortos-vivos.

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