Feel the Beat é a nova produção original da Netflix, lançada na plataforma em 19 de junho do presente ano, com legenda e dublagem em português disponíveis. O filme tem uma pegada bem adolescente, com pitadas de comédia e muita música acompanhada de diferentes ritmos, sentimentos e sonhos. 

A direção do longa ficou por conta da Elissa Down (Sei que vou te amar – 2008, A lista de honra – 2018), enquanto o roteiro esteve nas mãos de Michael Armbruster e Shawn Ku (Tarde demais – 2010, End of Sentence – 2019). O resultado foi uma obra leve e bem família, gostosa de acompanhar.

Teste atrás de teste

April (Sofia Carson) na audição

A premissa de Feel the Beat é bem simples e já foi vista em outros longas, como “Hannah Montana – O Filme”. Mas não se enganem, existem bons diferenciais.  A trama tem início com a apresentação da protagonista April (Sofia Carson), uma dançarina que sonha em fazer parte da Broadway e virar uma estrela.

Ela é determinada, focada, séria, perfeccionista e sempre deu duro para alcançar o respectivo sonho. Assim, realiza uma audição, mas acaba fracassando após se envolver em uma situação constrangedora com uma diretora influente, que promete acabar com qualquer possibilidade de carreira dela. 

Após tal incidente ter viralizado e carregada de dívidas, April decide deixar Nova York e retornar para a terra natal, onde descobre uma eventual luz no fim do túnel. No entanto, percebe também que será uma tarefa difícil, quase impossível, pois dependerá da dança e esforço de um grupo de crianças. Juntos, participarão de uma competição mirim e serão avaliados por um nome capaz de restaurar o sucesso da personagem principal.

Viva o ritmo de Feel The Beat

Antes de entrar em quesitos específicos, faz-se necessário ressaltar o assunto da inclusão. No filme temos a atriz mirim Shaylee Mansfield, que interpreta a personagem Zuzu, uma criança surda (assim como Shayle). Em razão disso, há bastante linguagem de sinais no longa, tanto na conversa quanto nas danças, gerando um ambiente de acolhimento e visibilidade. Aliás, uma das melhores e mais tocantes cenas de Feel the Beat é em razão da língua de sinais.

Oona (Sadie Lapidus), Michelle (Carina Battrick), Dicky (Justin Caruso Allan), Kari (Lydia Jewett), June (Kai Zen), Sarah (Eva Hauge), Lucia (Johanna Colón)

Sobre o elenco, todos capricharam nos respectivos papéis, merecendo destaque o ator mirim Justin Caruso Allan, que viveu o personagem Dicky. O pequenino roubou a cena várias vezes, tudo bem que o roteiro provavelmente permitia isso, porém havia muito carisma por parte dele, sendo impossível não vibrar a cada aparição. Além de trazer reflexões importantes, no sentido de não existir coisa de menino e coisa de menina e a relevância do apoio familiar.

Quanto à trilha sonora há prevalência de músicas pop, com uma das mais conhecidas pertencendo à Demi Lovato (título: Confident). Outro nome relevante é o da Regina Spektor, com a música Us. Todas as escolhas foram certeiras e deram o peso necessário à cada cena, seja em animação ou em momentos de tensão e tristeza. Além de combinarem bem com cada coreografia e oferecerem um verdadeiro show de talento.

Nem tudo precisa ser extraordinário para ser bom

June (Kai Zen), Kari (Lydia Jewett), April, Sarah (Eva Hauge) e Zuzu (Shaylee Mansfield)

Feel The Beat traz a ideia de ser clichê e nada original, mas o filme te conquista aos poucos, com as belíssimas coreografias e com o ambiente criado em relação às pessoas da terra natal de April. O clima é animado e aconchegante, além de bem casual, fazendo com que o espectador retorne à várias lembranças, de lugares e de pessoas. É um retrato fiel e interessante sobre a vida no seu modo natural.

Outro ponto bacana do longa é o desenvolvimento da protagonista, mostrado nas cores, nas danças e na forma de se relacionar com os outros. Esse amadurecimento também se revela no casal principal, quando entendem as “necessidades” um do outro e se conectam gradualmente, mesmo com assuntos mal resolvidos. Inclusive, April e Nick (Wolfgang Novogratz) possuem ótima química, sendo impossível não torcer por eles, mesmo com o foco do filme não sendo o romance. Esse detalhe é extremamente positivo e atraente.

April e Nick (Wolfgang Novogratz)

É uma obra que vale a pena conferir. Pelas diversas emoções causadas e por conter uma trama simples, que não promete algo grandioso, simplesmente é o que é, mas acaba entregando um prato cheio de diversão, beleza e sentimentos bons. Um longa que te deixa leve, em paz e remete aos sonhos, desejos e dificuldades da infância e da fase adulta.

Topo