Estados Unidos; Oregon; Farewell; Prédios pegando fogo; pessoas correndo; caos total. É assim que começa nossa jornada em Days Gone. Deacon St. John, Boozer e Sarah Whitaker estão tentando escapar e sobreviver em meio ao desespero total. No topo de um prédio, o trio encontra um helicóptero da NERO (vamos falar dela mais adiante) prestes a levantar voo. Deacon implora pra que eles possam embarcar no helicóptero mas um rapaz vestindo um daqueles trajes de proteção contra contaminação diz que o helicóptero só tem capacidade para levar mais duas pessoas. No traje está escrito o nome do rapaz, O’Brian.

Deacon garante a vaga de sua esposa Sarah – que está ferida – e olha pra trás e vê seu amigo Boozer, também ferido. Um deles teria que ficar para trás. Deacon, então, decide enviar apenas Sarah junto com o funcionário da NERO e ficar para trás junto com Boozer. O plano é que os dois sigam por terra, para chegar até o centro de apoio para onde Sarah estaria sendo levada. Assim é feito.

Cena do jogo Days Gone com os personagens boozer, sarah e deacon
Boozer, Sarah e Deacon, tentando fugir de Farewell

E então, tornamos a ver Deacon e Boozer juntos. 2 anos depois, agora os dois personagens vivem (ou melhor, sobrevivem) fazendo trabalhos para acampamentos em troca de créditos e benefícios. Logo ficamos sabendo que o ponto de controle da NERO para onde Sarah havia sido levada foi invadido por frenéticos (como os zumbis são chamados em Days Gone) e não havia nenhum sinal de que a esposa de Deacon teria conseguido sobreviver. 

Deacon carrega consigo um luto do qual não consegue se desprender. Passa seus dias fazendo favores para acampamentos, matando frenéticos, e sempre que possível, volta até o lugar em que Sarah teria morrido, para conversar com uma pedra, que serve como túmulo improvisado. A culpa de ter tomado aquela decisão naquela noite fatídica atormenta Deacon, que fica pensando se teria perdido Sarah caso estivesse junto dela.

Cena do jogo Days Gone dos personagens Deacon e Boozer

Como consequência de um infeliz encontro com membros de um grupo conhecido como Rippers, Boozer é atacado e sofre uma queimadura gravíssima em um de seus braços. Deacon agora precisa arranjar meios de manter seu amigo vivo e ajudá-lo a se recuperar. Sem esperanças e agora com Boozer gravemente ferido, os dois personagens decidem que assim que Boozer estiver curado, irão embora daquela região, em direção ao norte. Para Deacon, isso significa deixar de vez Sarah pra trás. Perder totalmente as esperanças e ter que “superar” o luto.

Em meio aos esforços para conseguir os suprimentos necessários para cuidar do ferimento de Boozer, bem como preencher a ausência do companheiro quando acampamentos os convocavam para realizar algumas tarefas, Deacon vê um helicóptero da NERO se aproximar e pousar. Dentro dele saem algumas pessoas vestindo os trajes contra contaminação. Eles pareciam estar fazendo algum tipo de estudo ali, o que poderiam querer depois de tantos anos? Deacon passa a perseguir esses helicópteros sempre que os avistava e em uma dessas oportunidades, fica surpreso ao descobrir que O’Brian estava vivo.

O’Brian, o mesmo funcionário da NERO que levou Sarah com ele no helicóptero naquela noite. Se O’Brian tinha ido para o mesmo lugar que Sarah e ele estava vivo, então havia uma chance de Sarah também estar. Esse era o feixe de luz que Deacon precisava para continuar procurando respostas e tentar descobrir se sua esposa ainda estaria por aí, em algum lugar.

Cena do jogo Days Gone com os personagens obrian e deacon
Reencontrando O’Brian

O nome NERO foi mencionado algumas vezes, mas afinal, o que é essa tal NERO? NERO vem da sigla em inglês para National Emergency Response Organization. Trata-se de uma organização governamental dos Estados Unidos. Tudo leva a crer que o surto que culminou na contaminação descontrolada de pessoas se deu em decorrência da incapacidade da organização de impedir a exposição das pessoas ao vírus, bem como de conter a contaminação e impedir que uma catástrofe acontecesse.

Como é de costume em organizações federais que pisam na bola, em meio ao caos, percebendo que era impossível impedir o avanço desenfreado da contaminação e concluindo que já haviam frenéticos demais para serem eliminados, a NERO se preocupou em salvar os seus em primeiro lugar, em seguida alguns poucos cidadãos que lutavam pela sua vida. Por fim, foram embora para seus pontos de controle e lá permaneceram, ignorando os que ficaram para trás.

Atualmente, a NERO tem demonstrado estar estudando o comportamento dos vários tipos de frenéticos que agora vivem em meio aos poucos sobreviventes humanos. Quais seriam as intenções por trás dessas pesquisas?

Cena do jogo Days Gone do ponto de controle da NERO
Um dos Pontos de Controle da NERO

Visão geral

Days Gone se passa em um cenário pós-apocalíptico, depois de um surto fazer com que várias pessoas fossem contaminadas e virassem zumbis (frenéticos). As poucas pessoas que sobreviveram vivem agora como maltrapilhos, formaram seus próprios acampamentos, gangues, milícias ou seitas, viram “vagabundos” assim como Deacon e Boozer, que fazem trabalhos para acampamentos e vivem em meio aos frenéticos ou então, aqueles que oferecem mão de obra em troca de proteção em um desses acampamentos.

A história de Days Gone parece girar em torno de um enredo já familiar aos jogadores de games no estilo apocalipse zumbi. Temos uma organização que pisou na bola, pessoas que pagaram o preço por isso e aqueles que, de algum jeito, conseguiram e passam os dias, desde então, tentando sobreviver. Pode até ser um “mais do mesmo”, mas o fato é que: é um mais do mesmo que a gente gosta.

A história tem seus altos e baixos, com missões um pouco repetitivas. Em alguns momentos se torna um pouco monótona, mas assim que reencontra seu caminho demonstra picos de crescimento bem interessantes, que culminam em um plot twist que “explode cabeças”. Mas, fique atento, esse plot twist não acontece na missão final do jogo e sim em uma das missões do epílogo. Então, se for jogar, nada de desligar o joguinho depois que subirem os créditos, hein!

As hordas

O diferencial e a proposta que foi vendida durante todo o período de divulgação pré-lançamento do jogo são as famosas hordas. Nesse ponto, o jogo tem um acerto e um erro.

Acerto: Algumas hordas são realmente um desafio e se você não tiver estratégia, os itens certos, paciência e sangue frio, você vai ter mais trabalho do que imagina pra conseguir encará-las. A maior horda do jogo tem 500 frenéticos! É, boa sorte.

Erro: Levando em consideração que as hordas são a proposta principal que o jogo oferece, você pode acabar se decepcionando ao ver que vai levar algum tempo até que você seja obrigado a ter que lidar com uma delas. Pode até ser que você tenha o infortúnio de esbarrar com uma enquanto roda por aí com sua moto, mas acredite, você não vai querer que isso aconteça estando tão no começo assim de seu gameplay.

Cena do jogo Days Gone da maior horda do jogo
A maior horda do jogo fica na velha serraria e tem 500 frenéticos!

As hordas de frenéticos têm um comportamento muito interessante, explicado pelo jogo conforme você avança. Elas têm hábitos cíclicos, que giram em torno de sair à noite para comer, beber e retornar para seu local de repouso ao raiar do sol. Assim sendo, existem 3 pontos-chave em que você pode encontrar uma determinada horda e uma área na qual você corre o risco de esbarrar com ela no meio do caminho.

Esses 3 pontos-chave são: comedouro, bebedouro e dormidouro. As hordas também variam de tamanho, então não vá achando que porque lidou com uma relativamente pequena, vai ser sempre assim. Sempre estude a horda antes de atacar!

Cena do jogo Days Gone do mapa do jogo
Os 3 pontos-chave: bebedouro, comedouro e dormidouro

Além de hordas, existem também as áreas de infestação. Essas áreas são regiões em que os frenéticos constroem seus ninhos e é pra onde retornam durante o dia, para se esconderem e esperarem pela noite. Não é o mesmo que horda, porque a quantidade de frenéticos nem se compara. Mas, ainda assim, não subestime as infestações (sobretudo enquanto ainda estiver no início de seu gameplay).

No decorrer do jogo, os vários tipos de frenéticos serão apresentados e melhor introduzidos à você, com os alvejantes, corredores, atalaias, quebradores, lamentadores, céleres, lagartixas e rábidos. Em meio à essa variedade de inimigos, estão humanos e animais infectados.

Cena do jogo Days Gone de Deacon lutando contra um rábido
Ursos infectados são chamados de Rábidos

Sua moto = Sua melhor amiga

A primeira coisa que você vai aprender em Days Gone é que sua moto é sua melhor amiga e você precisa cuidar muito bem dela. Isso quer dizer não sair dirigindo por aí feito um maluco, batendo em tudo (como eu costumo fazer) porque se assim for, não vai demorar muito pra que a sua moto quebre e seja necessário consertá-la. Além disso, é preciso manter atenção constante ao nível de gasolina no tanque. Você não vai querer ficar sem gasolina no meio de uma perseguição de frenéticos.

Cena do jogo Days Gone em que Deacon conserta sua moto
Cuide bem de quem cuida de você

Para isso, é preciso estar atento aos arredores e sempre recolher sucatas encontradas em carros e locais abandonados. Também é preciso juntar e manter consigo o máximo de suprimentos e itens necessários para criar melhorias em armas brancas, curativos e demais itens que vão ser muito importantes para a sua sobrevivência.

Menção Honrosa

Days Gone traz representatividade LGBT e vale mencionar o casal Addy e Rikki. Addy é a única “médica” (na verdade, ela é veterinária) de seu acampamento e, também, em praticamente toda a região inicial do jogo. Ou seja, seu papel é primordial no acampamento, para cuidar dos feridos.

Rikki é meio que uma guerrilheira/mecânica do acampamento. É uma mulher de personalidade forte e que tem um relacionamento um pouco conturbado com Deacon, embora ambos gostem muito um do outro.

Cena do jogo Days Gone das personagens Addy e Rikki
O casal Addy e Rikki

Bugs, bugs pra todo lado.

E chegamos ao maior problema, o calcanhar de Aquiles de Days Gone. Os bugs.

Pedir um jogo 100% livre de bugs é até, muitas vezes, bastante injusto. Todo mundo espera que um jogo tenha um bug ou outro. Tudo bem, dá pra relevar sem problema algum. Mas, infelizmente, esse não é o caso do jogo da Bend Studio.

Days Gone tem muito, mas MUITO bug mesmo! E, pior, bugs que interferem diretamente na qualidade do seu gameplay. Durante as minhas várias horas de jogo, me deparei com todo tipo de bug. Do mais simples ao mais absurdo, daqueles que me meteram em apuros simplesmente por existirem.

Por exemplo, a ação furtiva de Deacon é ativada apertando o no controle. Várias vezes, quase que incontáveis, me vi em situações em que já estava próxima do inimigo e a opção de apertar o simplesmente desaparecia e eu não conseguia eliminar furtivamente. Em consequência, o inimigo percebia minha presença e, bom, lá se vai a abordagem silenciosa.

Um bug desses em um jogo de zumbis, onde o silêncio é fator importantíssimo, se não quiser chamar a atenção de inimigos humanos e atrair um número ainda maior de frenéticos, é imperdoável. Como pode um jogo que clama por abordagens furtivas ter justamente um bug na eliminação furtiva? Errou rude, Bend Studio.

Cena do jogo Days Gone em que Deacon conversa com um bug
Deacon, conversando com um sinalizador voador

Além disso, testemunhei bugs como personagens que simplesmente desapareceram em meio à cinemáticas, ou seja, Deacon ficou falando com um sinalizador flutuante, sendo segurado por um fantasma; cenários mal carregados e/ou com pedaços faltando; objetos que deveriam estar no chão e estavam voando; maçanetas de portas com mensagens de “máximo”, como se fossem itens a serem coletados para o inventário, tornando qualquer interação impossível (o jeito era entrar pela janela); e o meu favorito, a mensagem dizendo que a moto estava obstruída. Obstruída por um bug, que a enterrou no meio da terra.

Cena do jogo Days Gone com um bug de uma moto enterrada no chão

A jogabilidade também peca em alguns momentos, principalmente a função de apertar para interagir com objetos. Muitas vezes você precisa estar precisamente de frente para o objeto. Caso contrário, Deacon costumava começar a andar em círculos, numa espécie de dança do quadrado versão círculo, e nada de realizar a bendita interação!

Esses probleminhas de jogabilidade e bugs comprometem bastante a experiência de jogo e esse é o principal motivo pelo qual, pra mim, Days Gone não merece uma nota de 9 pra cima.

Cena do jogo Days Gone com um bug no cenário

Pra quem vai tentar platinar

Como tive a oportunidade de platinar o jogo, deixo aqui o incentivo para aqueles que forem tentar. É uma platina fácil de se obter, com troféus tranquilos. A única exceção e a pedra no sapato de quem quiser conquistar o troféu de platina pode ser a conquista de nome Burnout Apocalipse

Esse troféu safado é capcioso e foi o único que realmente me deu dor de cabeça para desbloquear. Não é necessariamente difícil, mas requer paciência e um pouquinho de sorte. Recomendo assistir alguns vídeos no YouTube, em que jogadores dão dicas sobre como obtê-lo.

Cena do jogo Days Gone com a conquista de um troféu

You cannot pet the dog in Days Gone

MAS, você pode coletar brinquedos de cachorro enquanto estiver por aí, procurando itens e recursos, e guardar com você, para depois dar de presente para o cachorro de Boozer, o pequeno e fofinho Jack

Todo jogo que me deixa interagir com algum cachorro ganha pontos extras em meu coração. Ponto pra Days Gone.

Cena do jogo Days Gone de Deacon dando um brinquedo para Jack
Olha que coisa mais fofa, esse sem vergonha!

Resumindo:

Days Gone é um jogo bem divertido, com boa história (ênfase no plot twist), vale as horas jogadas e trouxe um novo desafio em jogos de zumbi ao introduzir – mesmo que demorando um pouco – as hordas. Mas, peca demais com a quantidade de bugs.

Cena do jogo Days Gone de um bug no cenário
Vá pra casa, mecânico. Você está bêbado.

A recomendação aqui é: se possível, espere uma boa promoção antes de comprar o jogo. O valor sugerido – apesar de estar na média – não se acomoda em um jogo com tantos bugs. Mas, se tiver a oportunidade, não deixe de jogar!

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