Provavelmente a maioria dos adultos e jovens adultos de hoje em dia tiveram a oportunidade de jogar pelo menos uma vez algum jogo de franquias como Guitar Hero e Rock Band. Uma outra grande parte certamente cresceu jogando esses jogos todos os dias, dominando todos os níveis de dificuldade. Os jogos musicais foram uma febre absoluta desde o lançamento do primeiro jogo do gênero, em 2005 (Guitar Hero).

A popularidade foi tão grande que o Rock Band chegou trazendo consigo outras modalidades de instrumentos, tornando possível que os jogadores formassem a sua própria banda de rock dentro de casa, com seus instrumentos de plástico. O gênero dos jogos foi um sucesso inclusive em meio às pessoas que não se consideravam gamers casuais ou sequer gamers de qualquer espécie.

Screenshot da tela do jogo Rock Band mostrando vários instrumentos diferentes sendo utilizados pelos jogadores
O Rock Band trouxe a possibilidade de formar uma banda com seus amigos.

Com um sucesso tão estrondoso desses como é possível que hoje em dia sequer ouçamos falar em jogos do gênero musical? Por que Guitar Hero, Rock Band e demais títulos simplesmente desapareceram?

Pecou pelo excesso.

Com o sucesso de vendas e popularidade do Guitar Hero e os resultados igualmente positivos de seu concorrente Rock Band, várias desenvolvedoras do mercado passaram a querer um pedaço da fatia desse bolo. Dessa forma, começaram a surgir vários outros títulos, de popularidade inferior, como a expansão Band Hero, DJ Hero e até mesmo o Rocksmith.

Imagem de divulgação do jogo Band Hero
Rock Band foi uma expansão dos jogos musicais Guitar Hero, lançada em 2009.

Além da concorrência crescendo velozmente, os próprios figurões do gênero musical abarrotaram as prateleiras com múltiplos títulos, como Guitar Hero 2 e 3, Guitar Hero: World Tour, Guitar Hero: Warriors of Rock, The Beatles: Rock Band, LEGO Rock Band e por aí vai.

Aqui levanto o questionamento: A saturação de jogos, somado às poucas novidades e o famigerado “mais do mesmo” teria sido o fator determinante para que o gênero cavasse sua própria cova?

As pessoas mudam.

Sejamos francos, somos seres humanos. E como seres humanos, somos passíveis de mudanças de gosto, comportamento, personalidade, etc. É bem verdade, inclusive, que vários tipos e gêneros de jogos vivenciam momentos de alta e baixa com o passar dos anos e gerações de consoles e jogos.

Isso porque nós um dia fomos crianças, que gostavam de um determinado estilo de jogos. Depois, passamos a ser adolescentes e começamos a dar valor a um novo tipo de jogo. E por aí vai, vem a juventude, vida adulta, etc. Quer queira ou não, temos que compreender que os tempos são outros e as prioridades e vontades também.

É claro que não se trata de uma regra rígida e inflexível. Obviamente existem vários gamers saudosistas que certamente tirariam a poeira da guitarra e encarariam “Through the Fires and Flames” mais algumas vezes. Mas quantas dessas mesmas pessoas teriam disposição, tempo ou vontade de investir tardes e mais tardes de seus dias em um jogo como esse?

Tocar “Through the Fires and Flames” no Expert continua sendo um desafio até hoje.

Talvez fosse pra ser passageiro.

Algumas coisas são incríveis e marcantes exatamente porque foram passageiras. E digo mais, às vezes nos deixamos enganar pelo saudosismo. Quantas vezes você lembrou de um desenho antigo, que via na infância, foi assistir novamente e pensou: “Caramba, era muito melhor na minha cabeça”? É o saudosismo te pregando uma peça.

E não me leve a mal, não quer dizer que o desenho que você via e lembra com tanto carinho seja ruim. Ou talvez ele até seja. Mas o que importa é que ele foi incrível pra você no momento em que tinha que ser. Ele marcou uma época da sua vida e cumpriu seu propósito.

Esse pode ser o caso para os jogos do gênero musical.

Reforço o meu ponto aqui lembrando que em 2015 foi lançado o Guitar Hero Live com a proposta de reinventar a franquia. Em 2017 chegou o Rock Band VR, também querendo inovar, fazendo uso da experiência proporcionada pelo dispositivo de realidade virtual (Oculus Rift). As críticas, sobretudo do Guitar Hero Live, foram positivas em termos de receptividade. Mas, o que aconteceu? Não vendeu.

Imagem de divulgação do jogo Rock Band VR
Rock Band VR foi a aposta da Harmonix para o periférico Oculus Rift.

É o mesmo que querer que sua série favorita tenha 30 temporadas, nunca acabe. Ou aquela série antiga que você amava muito voltasse. Trazer algo de volta é sempre um experimento que pode ou não dar certo.

Esse texto opinativo não é, também, nenhuma sentença de morte para os jogos musicais, jamais. Pode ser que daqui a alguns anos venhamos a ver novos títulos sendo lançados e quem sabe estes sejam melhor recebidos. O mundo está em constante mudança e o que é popular hoje pode não ser amanhã. O inverso também é verídico.

O que nos resta é esperar e relembrar as várias músicas que ficaram eternizadas nas múltiplas notas coloridas passando em alta velocidade pela nossa televisão!  Nos vemos na próxima aventura!

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