Os leitores de mangá vivem um dilema constante sobre o crescimento do nosso mercado nacional e como trazer novos leitores e fãs para o mundo dos mangás. Essas discussões ocorrem há muito tempo, com debates em eventos, em podcasts, vídeos no YouTube e matérias na imprensa especializada (pff). 

O Chimichangas fez uma matéria falando sobre as principais editoras no Brasil que já lançaram mangás, as que continuam e as novas que chegaram há pouco tempo, no intuito de auxiliar a quem quer entender como os mangás chegaram aqui e algumas histórias que já foram lançadas. 

Mas, além de saber como é o cenário brasileiro, é importante que os consumidores já inseridos no mercado possam trazer de forma natural e tranquila mais gente para esse meio. Por isso, resolvi juntar algumas dicas para isso ser possível, sem cair naquela ladainha de ficar vendendo peixe que nem meu é. 

Antes de mais nada, porque esse tipo de conteúdo é necessário? É uma pergunta extremamente válida, porque os mangás possuem um preço que muitas vezes não temos para gastar mensalmente. O mercado editorial como um todo (livros, dicionários, quadrinhos etc) vive um momento meio conturbado. Saraiva e Livraria Cultura em recuperação judicial, editoras com perrengue para lançar novos livros e acabam vivendo de relançamentos, serviço gráfico cada vez mais caro, entre outros problemas. 

Sem qualquer tipo de incentivo estatal (que abarque a literatura como um todo), ou programa de grande repercussão, o que sobra são os próprios consumidores manterem o mercado ao menos existindo. Não é à toa que diferentes campanhas no Catarse se tornaram o meio mais importante para artistas independentes e editoras de nicho. São os leitores, aspirantes e simpatizantes que contribuem para que materiais diferenciados cheguem em nossas mãos.

Tools Challenge é um mangá nacional que saiu do papel graças ao financiamento coletivo. Com isso, Max Andrade, autor da história, fechou um contrato com a Draco Editora para lançar os volumes com o selo.

Então, resumindo, nós consumidores nos tornamos importantes em meio a toda essa crise, e algumas coisas nós podemos ajudar no dia a dia, sem exatamente parecer propaganda de uma empresa ou algo do tipo. Vamos às dicas então. 

Quadrinho também é presente!

Sabe aquele primo/amigo nerdeiro pra caramba, que vê tudo da Netflix, vê filmes de super-heróis e adora uma ficção como entretenimento? É uma aposta bem legal optar por um quadrinho quando for presenteá-lo. 

Nós temos o costume de consumir muita coisa estadunidense e ocidentalizada, mas há mangás que podem agradar mesmo aquela pessoa que nem sabe direito o que é lançado aqui no Brasil. É bom ir com calma, nada de dar One Piece ou uma história gigantesca, mas vale a pena observar os gostos dessa pessoa e dar algo nessa pegada. 

O mercado brasileiro não é tão diverso como em outros países, mas dá para agradar aquela pessoa que ama investigação, ação, horror, aventura, romance ou drama. Temos todas essas opções também. Já deu aquela olhada nas editoras do mercado e filtrou os mangás? Essa é uma ótima hora para explorar o universo dos mangás.

Essa dica vale para qualquer tipo de quadrinho também, então você pode juntar o útil ao agradável. Que tal dar algo da Marvel ou DC, e junto desse quadrinho um mangá também? É bom pensar nessas possibilidades, afinal, leitura nunca é demais, melhor ainda quando há consumo de visões e culturas diferentes. 

Arraste o animezeiro para os mangás! 

Todo leitor de mangá conhece a pessoa que ama ver os animes de temporada que sai na Crunchryoll, viu tudo que tem na Netflix, Amazon e até baixou um monte de parada pirateada. Vários desses animes começaram originalmente pelo quadrinho e por vezes vale a pena acompanhá-lo do que ficar morrendo de curiosidade, esperando chegar a próxima temporada (alô, The Promised Neverland foi assim comigo, ainda bem que fui pro mangá). 

A tensão do mangá de The Promised Neverland é incrível tanto quanto no anime

É bem mais fácil convencer quem já conhece os animes do que alguém totalmente fora do nicho. Você vai ouvir que a pessoa prefere ver os movimentos e as cores e vozes dos personagens, e não é muito da leitura, mas pode acreditar que quando ela ler algo de explodir cabeças, ela vai pegar gosto por acompanhar o mangá sim. 

Sem contar que há histórias que não são adaptadas para as telinhas, e nem sempre os animes seguem fielmente a história original. É válido conhecer os dois lados e as duas visões da histórias, pois são mídias diferentes. Quem não fica chateado de ver o pessoal falando do anime de Claymore que tem um final completamente diferente do mangá e nem é lá tão bom assim? O mangá vai muito mais longe e desenvolve bem mais o universo e as personagens, por exemplo! 

Acho uma injustiça que Claymore não tenha um anime fiel e siga a história do mangá, pois a história é maravilhosa.

Mostre que o mercado é muito amplo

Ainda tem aqueles que acham que mangá e anime são coisas para criança e adolescente, e que possuem preconceito com os quadrinhos japoneses. Para essas pessoas a gente precisa ser didático, explicando que não é bem assim não. Mas, por onde começar?

Acho que para quem não conhece muito bem não é legal ficar falando das trocentas demografias e especificações do mercado japonês, mas é muito importante você dizer que é um mercado muito diverso e amplo, talvez o mais diverso entre todos os mercados de quadrinhos mundialmente falando. 

Você encontra mangás para todos os públicos e todos os gostos, desde uma história frenética em ação, até um drama bem psicológico e pesado, com pitadas de suspense e horror. Essa diversidade abrange então todas as idades, desde crianças, até idosos (sim, até idosos!). O motivo disso é simples: japonês tem um hábito de leitura, eles leem muitos mangás, livros e consomem esse tipo de material, então há consumidores de tudo que é tipo (seja para o bem e para o mal). 

Sabe aqueles amantes do terror que paga pau pra um monte de filme? Junji Ito neles!

Se você tiver como mostrar uma edição ou mesmo um capítulo das histórias para mostrar essa diversidade, melhor ainda! Pergunte para pessoa o que ela gosta de assistir e ler, e indique um mangá nessa linha de história. Esse cuidado é importante para que a pessoa tenha por onde começar, e também entenda que o mercado de mangás não é muito diferente, por exemplo, do de livros. 

Caso tenha gostado das dicas, tente colocá-las em prática e converse com as pessoas! Se tiverem dicas bacanas a dar, deixe nos comentários ou compartilhe com a gente, pode ter certeza que posso atualizar esse texto e deixar ainda mais completo!

Topo
%d blogueiros gostam disto: