O gênero horror é uma dos gêneros mais lembrados e aclamados na literatura e tem uma base de fãs gigantesca ao redor do mundo. Grandes obras literárias foram adaptadas para séries e filmes, como as obras de Stephen King, Edgar Allan Poe e HP Lovecraft. 

Os jogos também não ficaram de fora e o gênero terror é um dos que mais possuem investimento e streamers criando conteúdo. Sendo assim, seria impensável que o Japão estaria alheio a isso tudo e não aproveitasse essa fama em seus mangás.

Na verdade o Japão é um país que tem um histórico grande com produções de terror, desde filmes clássicos como o Grito, até obras do aclamado Junji Ito, um dos mangakás mais conhecidos por criar histórias de terror. 

Filme O Grito. Créditos: Takashi Shimizu

Portanto, como estamos no mês de outubro, nada mais justo do que falar dos principais mangás de terror já publicados no Brasil. A ideia é falar dos que já estão no país justamente para mostrar que é possível comprar e consumir esses produtos oficialmente na nossa 1ª língua. 

Mangás de horror de volume único

Como temos muitas opções de volume único, a melhor forma de apresentá-los é em um único subtítulo. Muitos deles vieram justamente para testar um público que gosta de coisas mais aterrorizantes e tenebrosas. E são ótimos para começar mesmo, assim como para dar de presente. 

Fragmentos do Horror

O autor mais conhecido do gênero horror teve uma edição especial aqui no Brasil, lançado pela editora Darkside em 2017. Em Fragmentos do Horror, Junji Ito reuniu os melhores curtas para fazer parte de uma antologia em mangá. Ao todo são 8 capítulos com muita história bizarra.

“As influências de Junji Ito incluem os artistas de mangá de horror clássico Kazuo Umezu e Hideshi Hino, assim como os autores Yasutaka Tsutsui”, segundo informações da editora Darkside. Além dessas influências em solo japonês, HP Lovecraft também foi uma grande influência ao deus japonês do horror. 

Capa de Fragmentos do Horror

Junji Ito é conhecido por fazer um horror bem peculiar, que mistura o gore com coisas totalmente surreais, como o sobrenatural e terror psicológico. Para quem quiser começar nesse mundo, Fragmentos do Horror é o título perfeito. 

Atualmente, Ito é um dos responsáveis para que o gênero terror nos mangás tivessem um boom no Japão e fossem mais valorizados. A quem quer se aventurar no pós Junji Ito, vai encontrar muito quadrinho na mesma pegada e muito, muito bizarro. 

Alive

Entre os gêneros de terror, o terror psicológico e violento também está bem presente, com filmes de serial killers e desafios de sobrevivência (como Jogos Mortais). Em Alive, outro mangá de volume único, mas dessa vez lançado pela Panini Comics, a pegada é bem próxima a isso. 

Sinopse oficial: “Pouco antes de ser executado, o assassino Tenshu Yashiro consegue escapar da pena de morte graças a uma certa organização. Ao lado da sala isolada que ocupa com outro prisioneiro, está uma linda mulher que foi possuída por uma entidade! Em meio a tudo isso, Yashiro carrega a angústia e tem alucinações com a namorada Misako. O que a sobrevida lhe reserva?!”

Capa do mangá. Créditos: Guia dos Quadrinhos

O mangá foi criado em 1999, pelo Tsutomu Takahashi, mas não é nem um pouco datado e vale bastante a leitura. Se você está procurando algo mais pé no chão e menos viajado do que Fragmentos do Horror, Alive pode ser um bom início. 

Hideout

Também lançado pela Panini Comics, Hideout já trata de uma história de mais selvageria e serial killer, bem típico daqueles filmes de terror na Floresta. Lançado no Japão em 2010, chegou ao Brasil apenas em 2014. 

Hideout é do mesmo autor de Green Blood e Bestiarius, Masasumi Kakizaki. Green Blood foi lançado pela JBC no Brasil e fala sobre a colonização nos EUA, com gangues irlandesas e britânicas. Bestiarius é um mangá também da Panini e que se passa na Roma Antiga.

Já Hideout mantém a quantidade de sangue, mas tem muitas doses de psicopatia e suspense. E se passa no Japão mesmo.

Capa de Hideout

Sinopse oficial: “É uma noite muito escura, sobe uma forte chuva, um determinado homem prepara-se para eliminar sua vítima aterrorizada. A decisão de Kirishima Seiichi é clara: Hoje à noite, ele vai matar sua esposa. Um ano atrás, ele era um homem feliz, um escritor de sucesso, um marido contente, e pai de um menino.. naquela época, tudo parecia ir bem para ele. Mas essa felicidade tinha que acabar. O dia em que seu editor decidiu pôr fim à sua colaboração, as trevas se infiltrou em sua vida mais rápido que uma bala. Uma descida aterrorizante ao inferno começa, página por página do que parece ser o seu último romance”

H.P. Lovecraft

Um dos maiores criadores e entusiastas do horror também foi transportado para mangá, em um one-shot com 3 histórias separadas. O mangá foi lançado pela JBC em 2015, também na tentativa de trazer mais mangás com temática de terror.

Gou Tanabe foi o responsável por adaptar os contos em formato mangá, também sendo responsável pela arte. 

Capa completa do mangá. Créditos: JBC

Segue a sinopse da cada história: 

O Cão de Caça – uma história sobre dois amigos que tinham um mórbido interesse em roubar sepulturas e guardar “souvenirs” de suas expedições noturnas.

O Templo – dois militares de alta patente da Marinha Imperial Alemã, durante a 1ª Grande Guerra Mundial, encontram um manuscrito que contém um mistério sobre o que há no fundo do oceano.

A Cidade Sem Nome – um conto sobre velhas ruínas localizadas em algum lugar nos desertos da Península Arábica, e são mais antigas que a própria civilização humana.

Manga of the Dead 

Na onda de aproveitar o renascimento do horror zumbi, muitos quadrinhos, livros e séries foram produzidos na última década. Com o sucesso de The Walking Dead na TV e nos quadrinhos, a JBC tentou emplacar uma antologia de zumbis em mangá. 

Capa da Antologia de zumbi. Créditos: JBC

Assim chegou The Manga of the Dead. Um mangá de volume único em uma edição bem especial para época, lançada em 2013. Assim como outras antologias, o mangá é recheado de capítulos separados, criados por diversos artistas japoneses, sendo eles: Katsuya Terada, Rei Hiroe e Hiroaki Samura.

São 8 capítulos ao todo. Segue o nome de cada um:

  1. And I Love Her
  2. Dead and Fail to Die
  3. Crianças, não vivam com Cadáveres!
  4. Zumbi
  5. O Campo das Almas Mortas
  6. Shonen Zombie
  7. Fight Of The Living Dead
  8. Homem Solvente Orgânico: Organogel

Uzumaki

O mangá mais clássico já lançado no Brasil, certamente. Uzumaki, também criado por Junji Ito, chegou a ser lançado no Brasil ainda quando a Conrad era a pioneira e uma das principais editoras de mangás no país. 

Na época Uzumaki saiu em tanko normal, com 3 edições. Essa versão mais antiga – de 2006 – ainda pode ser encontrada para comprar, apesar de ser mais rara. Como a Conrad veio a entrar em falência anos depois (voltou neste ano de 2020 a lançar mangás), a editora perdeu os direitos. 

Sendo assim, como a história já era bem querida e lembrada como um o principal mangá de horror já lançado, a Devir relançou o mangá em um selo especial em 2018 (selo tsuru). Assim, a editora trouxe a versão de luxo, com as 3 edições em 1 só. 

Capa da versão de luxo de Uzumaki. Créditos: Devir

Sinopse oficial: Acontecimentos grotescos começam a surgir em Kurôzu, a pequena localidade onde Kirie Goshima nasceu e cresceu. O vento sopra em curvas, folhas e ramos se enrolam e a fumaça expelida do crematório sobe desenhando redemoinhos funestos. Logo os humanos também são afetados pelo fenômeno helicoidal. Cabelos se revolvem em círculos, corpos se retorcem e pessoas se convertem em caracóis. Kirie tenta escapar da cidade para fugir da maldição da espiral.

Parasyte

Também um dos mangás e animes mais conhecidos do gênero horror, Parasyte ganhou o coração da comunidade otaku. Sendo assim, a JBC aproveitou a deixa e trouxe o mangá em 2015

Finalizada em 10 volumes, Parasyte teve também uma adaptação em anime, com 24 episódios produzidos pela Mad House. Começou em 2014 e acabou em 2015. 

Capa oficial de Parasyte no Brasil. Créditos: JBC

Sinopse oficial: O mangá tem início quando criaturas parasitas desconhecidas começam a surgir por toda a parte, tomando controle do corpo de pessoas comuns através do cérebro e se alimentando de outros seres humanos. Uma dessas criaturas tenta invadir o corpo de Shinichi Izumi, um jovem de 17 anos, mas, ao não conseguir entrar pela cabeça, tenta usar a mão direita dele, mas é impedido de avançar mais, tomando apenas essa parte de seu corpo.

Agora, Shinichi e a criatura-parasita que adota casualmente o nome de Miggy (baseando-se na palavra japonesa para “direita”,migi), se tornam uma existência simbiótica, e são visados por outros desses seres, por serem considerados diferentes e estranhos.

Another

Calma, não fiquem putos por Another estar na lista. Another não é um horror adulto e nem tenso como as obras anteriores, mas ainda assim é uma obra importante para o mercado. Vendida e divulgada como uma obra de horror, Another nada mais é do que um mangá de horror adolescente. 

A história não é mirabolante, nem bizarra, mas tem pitadas de suspense a acontecimentos misteriosos que precisam ser desvendados. Another também teve uma adaptação em anime que fez muito sucesso, alavancando as vendas do mangá. 

O mangá possui 4 volumes, além de também ter uma edição extra, conhecida como Another 0, que só está disponível para compra junto com o Box que reúne todas as 4 edições. Quem publicou a obra no Brasil foi a JBC, no auge da história, em 2013. Já Another 0 chegou apenas em 2018, junto com o Box. 

O ilustrador de Another, Hiro Kiyohara, chegou a vir ao Brasil para a Comic Con Experience, em 2015. Outras obras do autor foram lançadas pela JBC, sendo eles “Só você pode Ouvir” e “Coin Laundry Lady”, nenhum na pegada terror. 

Capa do volume 4 de Another

Sinopse oficial: Tudo começa com uma história contada pelos alunos do Colégio Yomita: há 26 anos, havia um aluno chamado Misaki que, desde o primeiro ano, era uma pessoa querida por todos ao seu redor, bom aluno e ótimo atleta. Mas no terceiro ano ele caiu na turma 3-3 e perdeu a vida em um acidente.

Os colegas de Misaki, sem saberem como lidar com a morte repentina do amigo, decidiram “fingir que Misaki estava vivo”. Porém, no dia da formatura… na hora que a foto da turma 3-3 reunida foi revelada, Misaki estava presente. Foi aí que tudo começou.

Agora, o recém transferido Koichi, terá que descobrir quem é a misteriosa aluna de tapa-olho e o que se esconde por trás dessa história toda em uma trama envolvente e com grandes reviravoltas.

Mangás com elementos de horror

É importante lembrar que o horror como gênero é bem amplo também e não existe apenas um único formato. Os exemplos que demos acima se diferenciam entre si, mas todos foram vendidos e divulgados como obras de terror. 

Esse não é o caso das obras que vamos recomendar aqui. O gênero horror não é o principal dessas obras, que possuem mais ação e drama do que de fato horror puro e simples. Ainda assim são histórias que possuem elementos e bebem do horror.

Fica o lembrete também que alguns “sintomas” que estão em um mangá de horror estão somente neste tipo de gênero. O gore, um artifício muito usado no horror, também pode estar presente em mangás de ação, ficção científica e aventura, como é o caso de Happiness, Gantz e Battle Royale. 

Battle Royale é um dos precursores de mangás e histórias de sobrevivência e foi lançado completo pela Conrad aqui no Brasil

Os mangás citados não são considerados horror, são apenas violentos e chocantes, portanto, não vamos considerar neste texto. Mas ainda assim valem a leitura, não estamos descartando essas leituras, ok?

Tokyo Ghoul

Mangá publicado pela Panini Comics, Tokyo Ghoul é um mangá bastante conhecido por ter vários momentos tensos e que claramente se inspiraram no gênero horror. O mangá também tem bastante drama e ação, então os momentos de medo não são exatamente o ponto principal da história. 

O mangá chegou no Brasil em 2015 e já está finalizado com 14 volumes. No entanto, possui uma continuação, denominada Tokyo Ghoul:re, também finalizada em 16 volumes. O mangá se tornou um sucesso incontestável depois da adaptação em anime (não tão fiel, mas ainda assim válido). 

A arte também é de encher os olhos…

Sinopse oficial: Em Tokyo, criaturas conhecidas como “Ghouls” vivem entre os humanos e os devoram para sobreviver. Alheio a eles, o jovem universitário Ken Kaneki leva uma vida pacata entre livros, até que um trágico encontro o coloca diante desses seres e o obriga a lutar por sua humanidade.

Berserk

Não é preciso ir muito longe para ver o quão Berserk consegue ter cenas grotescas e muito, muito perturbadoras. Há casos até de editoras e especialistas consideraram Berserk um tipo de horror peculiar. No entanto, neste texto, Berserk é mais uma história complexa e cheia de caminhos, com muitos, muitos gêneros em si mesmo. 

Justamente por ser uma obra tão cheia de informação e desenvolvimento, o mangá não é puramente horror, ainda que tenha muitos elementos dele. Vale a menção do genial Kentaro Miura, que não só criou Berserk (que está em andamento, com 38 volumes), mas também Gigantomachia, outro mangá que a Panini publicou no Brasil e é incrível. 

Capa do vol. da edição republicada da Panini. Créditos: Guia dos Quadrinhos

Sinopse oficial: O misterioso Guts, o “Espadachim Negro”, carrega em sua mão mecânica uma enorme espada, e em seu pescoço uma estranha marca que atrai forças demoníacas. Em sua busca por vingança contra um antigo inimigo, nem tudo sai a seu favor, e ele recebe ajuda de uma fantástica criatura.

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