Por vezes estamos tão acostumados a ler os mangás de luta e aventura, que esquecemos que a Shonen Jump foi porta de entrada de diversos mangás de romance desde a década de 1980 ao menos. É a partir daí que paramos para pensar que falar que um mangá shonen é luta se torna algo muito vago e sem sentido. 

Já explicamos no Chimichangas um pouco mais sobre a demografia shonen, mostrando que os gêneros inseridos na demografia são tão amplos quanto qualquer outra demografia. Há desde dramas psicológicos, investigação, até suspense, mistério, romance e lutas. É possível achar de tudo no mercado japonês, e a Shonen Jump de vez em quando traz coisas diferentes de tempos em tempos. 

Apesar dos grandes sucessos serem sempre mangás relacionados à lutas, tivemos mangás muito marcantes e que tiveram uma jornada saudável na revista. É por isso que este texto tem o objetivo de mostrar um pouco desses mangás. 

É claro que é impossível citar absolutamente todos os mangás com romance, mas o texto vai priorizar as histórias em que o plot principal deixa claro tratar de um mangá romântico. Vamos nessa então?

Histórias de Masakasu Katsura 

O Katsura sensei foi um dos autores mais importantes da Shonen Jump no final da década de 1980, até o início dos anos 2000. As 3 histórias de romance foram todas publicadas na Jump, mesmo que o sonho do autor fosse fazer uma história mais pesada e de ação. 

Após o sucesso das 3 histórias, Katsura fez alguns trabalhos com outros autores (Akira Toryama) e de outras franquias, como Tiger and Bunny, e finalmente realizou seu sonho publicando Zetman, que também foi publicado aqui no Brasil pela JBC

Video Girl Ai

O mangá de Masakasu Katsura é um marco na Shonen Jump, não apenas por incluir uma comédia romântica divertida, mas por quebrar muitas barreiras em uma revista para adolescentes. Katsura trata de assuntos dramáticos e profundos com muita sensibilidade e, apesar do ecchi existir, não é apelativo e que torna as personagens femininas submissas.

É um mangá de 15 volumes, que foi lançado no Brasil em 2001 pela JBC em meio tanko, totalizando 30 volumes. No Japão foi lançado em 1989, mas na tentativa de criar um universo um pouco mais futurista. Não futurista como se entende hoje, mas sim na época mesmo. Hoje o mangá é um tanto datado, mas tirando a geração tecnológica empregada na história, tudo é bem recente.

Video Girl Ai é um dos melhores romances escritos por homem que pude ler.

Lembrando que a visão das histórias da Shonen Jump partem majoritariamente pelo personagem masculino, portanto Video Girl não é diferente, apesar de desenvolver as personagens femininas de uma forma bem madura e sem tanta forçação de barra. 

Infelizmente, é o único mangá das antigas que a JBC não republicou em um novo formato. 

Sinopse: O mangá narra as desaventuras amorosas de Youta, um rapaz tímido e atrapalhado que não sabe como conquistar Moemi, a garota dos seus sonhos. Sem sorte no amor, Youta acaba encontrando a Locadora Paraíso, lugar que apenas aqueles de coração puro conseguem enxergar. Na misteriosa loja, ele aluga um filme “estrelado” por uma Video Girl e vai para casa. Quando Youta começa a assistir à fita, eis que sai da tela da TV Ai-chan. Ela é uma Video Girl, cuja missão é fazer o garoto feliz. Desde então, a vida de Youta muda completamente. Entre muitos romances e trapalhadas, Ai-chan se apaixona pelo garoto, mas segue firme em sua missão de trazer alegria para o coração solitário do rapaz.

DNA²

Diferente de Video Girl Ai, DNA² é um mangá mega curto, de apenas 5 volumes, e que possui muito mais comédia. É aqueles mangás para dar risada e ler sem muitas pretensões, mas ainda assim a leitura é um bom passatempo. Ele possui uma adaptação em anime, bem fiel à história original, que me fez dar gargalhadas na adolescência. 

DNA² também foi publicado no Brasil pela JBC, em 5 volumes como no original. 

A Karin é simplesmente sensacional. É tudo engraçado nesse mangá, cara.

Sinopse: No futuro, a superpopulação irá transformar o mundo em um verdadeiro caos. Tudo por culpa de um tipo especial de DNA que transforma alguns homens em seres completamente irresistíveis aos olhos femininos. O resultado disso é que cada homem acaba gerando 100 filhos de mulheres diferentes, que por sua vez nasceram com esse mesmo DNA especial e assim sucessivamente.

A origem de toda esse problema tem um nome: Junta Momonari, um adolescente comum de 16 anos que literalmente passa mal quando está perto de mulheres. A grande questão é que o garoto é portador de um DNA especial, que ainda não se manifestou, mas que o transformará no Megaplayboy, totalmente irresistível para as mulheres. E na tentativa de impedir que isso ocorra e, consequentemente, solucionar o problema da superpopulação, Karin Aoi – uma graciosa operadora de DNA – vem do futuro para impedir que Junta se transforme no Megaplayboy.

I’s

Talvez o mangá de romance de mais renome de Katsura, I’s parte de uma premissa bem mais adulta e com conflitos extremamente relevantes para a realidade japonesa (e de certa forma, para qualquer sociedade). Katsura historicamente tem uma noção bem grande de como representar os personagens nas suas histórias, o que faz a gente se sentir próximo de alguns personagens. 

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Iori e Ichitaka. O Katsura desenvolve muito seu traço nesse mangá. No último volume é outro nível já, que está mais próximo do que ele mostra em Zetman.

É o único mangá de romance que não veio ao Brasil ainda. Foi publicado no Japão em 1997 e terminou em 2005 na Shonen Jump, totalizando 15 volumes. 

Sinopse: O tímido Ichitaka gosta de sua colega de classe Iori, mas desde de que ela posou para uma revista com roupas de banho semi-provocativas, ela tem enfrentado assédios recorrentes de caras cretinos. Com isso, Ichitaka tem medo de revelar seus sentimentos para Iori, que pode pensar que ele é um cara bizarro e nojento como os outros.

Ichigo 100%

Criado por uma autora mulher (Mizuki Kawashita), Ichigo 100% é um mangá lançado na Shonen Jump em 2002 com 19 volumes no total. Fez um sucesso grande na época, pois mangás de romance, no geral, tendem a ter poucos volumes. Ainda assim, Ichigo 100% se arrasta na história para fechar com um final marcante e surpreendente. 

No Brasil, a Panini trouxe o mangá em tankohon em 2010, mas com o nome adaptado para 100% Morango. O mangá tem várias apelações e fanservices, mas o plot da história não é de todo desastroso. O protagonista tem um amadurecimento na história e a autora soube escolher a melhor personagem para ficar com o protagonista no final. 

Da esquerda para direita: Aya Toujou, Yui Minamito, Satsuki Kitaouji e Tsukasa Nishino (a melhor de todas as protagonistas)

Sinopse: Manaka Junpei é um cara normal e que sonha em se tornar um grande cineasta. Um dia ao subir para o terraço da escola, dá de encontro com uma garota caindo do céu e sua calcinha de morangos. Sem ter tempo de falar com ele, Junpei fica deslumbrado, nem tanto com a situação picante, mas sim com as possibilidades que a cena e a beleza da garota dariam em um filme. É a partir daí que ele começa a busca pela “garota da calcinha de morangos”. (sinopse feita por Gyabbo

Rosario to Vampire  

Um dos xodós recentes dos otakus, Rosario to Vampire foi lançado na falecida Monthly Shonen Jump entre os anos de 2002 e 2007. A sequência da história, no entanto, continuou na Jump Square, revista que herdou a Monthly e se tornou a revista mensal shonen da Shueisha. Rosario to Vampire II acabou em 2014 com 14 volumes. 

Ambas as partes da história foram lançadas no Brasil pela JBC. Apesar de também ser um mangá com lutas e confrontos, o plot principal do mangá deixa claro a paixão da Moka pelo protagonista, o que acaba sendo preponderante para diversas escolhas e decisões do Tskune.

A principal é a moça de cabelo rosa, Moka.

Sinopse: Seguindo o gênero comédia e fantasia, Rosario + Vampire conta a história de Tsukune Aono, um garoto de 15 anos que vai estudar na Academia Yoka, uma escola exclusiva para monstros, vampiros e toda sorte de criaturas sobrenaturais. O problema é que, no colégio, é terminantemente proibida a entrada de seres humanos e, para piorar, a instituição segue uma regra bem radical: matar qualquer pessoa comum que colocar os pés lá.

A coisa se complica quando Tsukune conhece a linda e meiga Akashiya Moka. A mais popular garota da escola, no entanto, é uma vampira que se sente extremante atraída pelo garoto – ou seria pelo seu sangue? Totalmente apaixonado por seus encantos, Tsukune mal sabe que ela não é tão singela quanto parece. Moka possui, preso em sua gargantilha, um rosário que, ao ser removido, faz com que a doce vampirinha adquira uma personalidade extremamente assustadora. Misteriosamente, o jovem estudante é a única pessoa que consegue retirar o rosário de seu pescoço.

Nisekoi

Uma das comédias românticas mais recentes, Nisekoi foi um sucesso na Jump, acabando com 25 volumes. Naoshi Komi, o autor, criou uma história convincente com um plot inicial interessantíssimo: dois garotos do colegial precisam fingir estarem em um relacionamento para que as duas famílias mafiosas não se matem e acabem com a cidade que moram. 

É sério, você lê o primeiro volume e é convencido facilmente com o plot. É engraçado e interessante. O mangá foi lançado no Brasil pela Panini em 2017. Ao contrário do que muitos falam (até a própria página do Facebook da Panini, rs), Nisekoi não é um shoujo. Se foi publicada na Jump, é shonen, e é isto. 

Apesar do plot bacana, a história acaba se arrastando e perde o fio da meada, mas ainda assim vale a pena dar uma olhada. 

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Chitoge é a garota loira, mas as outras personagens femininas são legais (só não entendo porque gostam do Ichijou…)

Sinopse: Raku Ichijou é um estudante perfeitamente normal – apesar de ser filho do chefe de uma família da Yakuza. Um dia, surge em sua escola uma bela aluna transferida chamada Chitoge Kirisaki. Os dois logo se estranham e não se dão bem de jeito nenhum, mas, por algum motivo, descobrem que precisam fingir que são namorados…

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