Falar sobre quadrinhos nacionais é sempre um grande prazer. Sempre encontro muitas histórias ricas em sentimentos profundos que dão muito o que pensar, filosofar e aprender. E claro que com “Até o fim” não foi diferente.

Até o fim

Publicado em 2017 com roteiro de Eric Peleias, arte de Gustavo Borges e cores de Michel Ramalho “Até o fim” conta uma história que envolve de uma forma diferente. O quadrinho narra acontecimentos do pós morte de cinco amigos. Isso mesmo, mas sem nada assustador, ou algo do gênero, ele vai além. Aqui temos Lilian, uma garota forte, determinada, que tinha muitos projeto, como se tivesse controle de tudo e, que então, de repente, se vê morta.

Lilian - Até o fim

A história é mostrada a partir dessa garota. Ela e seus amigos sofrem um trágico acidente de carro em que nenhum deles sobrevive e é incumbido a Lilian uma tarefa difícil para que possa voltar a vida, dar o destino ideal para a alma de seus amigos.

Tolerância

E é aí que tudo a se pensar sobre essa HQ inicia. Não é uma história sobre céu e inferno, há muito mais quando falamos sobre as crenças ou não crenças de nossos semelhantes. Partimos no quadrinho do pressuposto de que não há uma única verdade absoluta e isso que faz essa obra ser tão inteligentemente construída.

O tema é tratado com muita delicadeza por seus autores. Tudo se fala sem preconceitos e, entre os cinco destinos dados às almas dos amigos, cada um é explicado de maneira simples e sem porquês, somente aceitação. Entre crenças durante a leitura podemos encontrar falas sobre mais vidas a serem vividas em religiões distintas, astrologia e de inferno e céu.

inferno? Até o fim

As cores

Com uma arte intensa, profunda e, apesar de tratar-se de um tema que pode ser melancólico, é acalantador. Você se sente em paz ao fim da leitura, como se houvesse algum tipo de esperança, ou como é tratado na HQ, todo tipo de esperança. As cores foram especialmente importantes para que trouxesse todos esses sentimentos citados. Nos extras do material inclusive é dito:

Como até o fim se passa em um ambiente entre a vida e a morte, pensamos em usar uma paleta de cores que transmitisse essa sensação estérea, mas sem exagero nem pieguice. O Michel Ramalho é um grande colorista e teve a paciência de fazer versões e mais versões, todas maravilhosas, em busca da solução que melhor traduzisse o espírito da história.

“Até o fim” traz uma discussão que está na mente humana desde sempre. Os humanos ao longo dos milênios buscaram explicações para o que acontece no fim. O que “Até o fim” faz é nos colocar frente a uma hipótese: e se todos tiverem seu próprio fim? E se tudo que cada um de nós acredita é o suficiente para termos nosso próprio paraíso?

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