Criadoras, roteiristas e protagonistas das suas próprias séries, Phoebe Waller Bridge, Issa Rae e Michaela Coel vêm dando novas caras à comédia televisiva

A indústria do entretenimento — como quase toda indústria — tem histórico de dominação masculina em posições de destaque e prestígio. Tente, por exemplo, pensar em 5 diretores de cinema e depois 5 diretoras – qual foi mais fácil? O mesmo vale para quadrinista, produtor musical, produtores executivos… e, no caso das séries, os criadores e roteiristas. 

Felizmente, com o avanço das discussões sobre desigualdade de gênero em todo mundo (e, neste caso particular, na comunidade artística), os estúdios passam a dar mais atenção e investir em obras desenvolvidas por mulheres. Não demorou muito até que pudéssemos desfrutar os maravilhosos resultados dessas ações: algumas das melhores séries dos últimos anos saíram de mentes criativas femininas, que finalmente passam a ter reconhecimento pela mídia, pelo público e pelas premiações. 

Aqui, trazemos o perfil de três mulheres que têm feito barulho em Hollywood. Em comum, têm a pouca idade, um futuro promissor no qual vale a pena ficar de olho e o talento não só para escrever como também para atuar como protagonista nas suas próprias histórias. São elas: Phoebe Waller-Bridge, Issa Rae e Michaela Coel.

Phoebe Waller-Bridge

Talvez o rostinho mais conhecido por aqui, Phoebe Waller-Bridge está eternizada como Fleabag (disponível na Amazon Prime), personagem que dá nome à sua obra mais famosa até agora. A série tragicômica produzida pela BBC foi notavelmente aclamada pela crítica e pelo público. Sua segunda temporada, que traz a inusitada história de amor entre a protagonista e ninguém menos que um padre (carinhosa e apropriadamente apelidado de hot priest), levou para cara todo troféu que via pela frente na temporada de premiações.

Phoebe Waller-Bridge no Emmy
Phoebe Waller Bridge segurando suas três premiações na cerimônia do Emmy

Para nossa satisfação, porém, Phoebe não parou por aí – na verdade, ela parece ser imparável. Além da série, a britânica de 35 anos já trabalhou em diversas outras produções, do teatro ao cinema, e tem outros projetos de peso em desenvolvimento.

Em seus créditos como roteirista estão as duas temporadas de Fleabag, além da peça teatral que deu origem à série; as séries Killing Eve (disponível na Globo Play) e Crashing (Disponível na Netflix); e também co-escreveu o próximo filme da franquia 007, No Time To Die, esperado para estrear ainda em 2020.

Como atriz, destacamos A Dama de Ferro, onde atuou com Meryl Streep; Han Solo: Uma História Star Wars, fazendo a robô L3-37; uma participação na série Run, que também produziu (disponível na HBO GO); e dando vida à sua própria personagem em Crashing.

Também é produtora de Crashing, Fleabag, Killing Eve e Run. Ah! E assinou um contrato de três anos com a Amazon para desenvolver novas séries exclusivas para o serviço.

Issa Rae

Também aos 35 anos, Issa Rae ganha destaque ao falar da vivência de uma mulher negra na sociedade estadunidense numa balança perfeita entre humor e consciência social. Ao contrário da Phoebe, sua carreira começou no Youtube, com a websérie The Misadventures of Awkward Black Girl, em 2011. Esta deu origem ao seu maior trabalho até o momento, a série Insecure (disponível na HBO Go), no ar desde 2016, em que Issa também escreve, produz e atua.

Issa Rae - Women in Film
Issa Rae recebendo o prêmio Emerging Entrepreneur no Women in Film, 2019

Com esses dois trabalhos, ela ganhou popularidade entre a indústria hollywoodiana, tendo aparecido em diversos programas de talk show e contando com uma lista invejável no IMDB – incluindo três produções ainda em desenvolvimento.

Para acompanhar o que já foi lançado, podemos também encontrá-la em A Black Lady Sketch Show es nos filmes Little, O Ódio que Você Semeia e Um Crime para Dois (disponível na Netflix).

Issa também é creditada como roteirista na websérie The Choir (também no Youtube) e produtora em Insecure, Um Crime para Dois, A Black Lady Sketch Show, entre diversos filmes para TV e webséries. Ela também dirigiu The Misadventures of Awkward Black Girl  e dois episódios de The Choir.

Michaela Coel

Se você está pelo Twitter, provavelmente já viu a carinha da Michaela no incônico gif em que ela reza para Beyoncé. Essa cena é da série Chewing Gum (disponível na Netflix), também criada e escrita por ela. A obra narra a história de uma jovem britânica vinda de uma criação religiosa e que decide perder sua virgindade.

Michaela_Coel_BAFTA
Michaela Coel, Bafta 2016

A título de curiosidade, são muitos os paralelos entre Chewing Gum e Fleabag: além de lançar dois dos maiores nomes da comédia televisiva atual, as duas começaram como peças teatrais no estilo “one-woman show” e, depois de significativo sucesso de crítica, conseguiram importantes contratos televisivos. Valendo-se do típico humor britânico (que abusa das situações de desconforto) e uma forte temática sexual, as séries tem duas temporadas que ganharam o mundo a partir da disponibilização em streamings e renderam o prêmio de Melhor Performance Feminina num programa de Comédia no BAFTA TV e  Breaktrhough Star no RTA (Michaela em 2016 e Phoebe em 2017). 

Depois de algumas participações na TV, dentre elas nos episódios Nosedive e USS Callister de Black Mirror (Netflix), Michaela, aos 32 anos, está de volta às telinhas com mais uma produção autoral. Ela criou, escreveu, protagonizou, produziu e dirigiu a série I May Destroy You (disponível na HBO), contando sua experiência real em um caso de estupro que sofreu enquanto escrevia a segunda temporada de Chewing Gum. Ao se abrir sobre o trauma, ela percebeu o quão frequente é o crime de violência sexual e usa a série para explorar e problematizar o que a sociedade entende por “consenso” sexual. 

I May Destroy You tem sido apontada como uma das melhores séries do ano e você ainda pode acompanhar! Tem episódio novo toda segunda-feira. 

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