Goedam (“Ghost Story“) significa histórias de fantasmas urbanas. A partir daí é possível verificar a premissa inicial da série coreana disponibilizada pela Netflix em 20/08/2020 (atualmente sem dublagem em outros idiomas, apenas legendado).

Com episódios que variam de 5-15 minutos, a referida antologia, dirigida por Hong Won-ki, chega com uma primeira temporada carregada de sangue, terror, mistério e suspense.

Resulta, assim, em um thriller curioso, no mínimo, envolvendo espíritos e lendas urbanas coreanas, principalmente.

Conhecendo um pouco mais da antologia de terror

O susto inicial de Goedam

Os episódios são curtos e independentes, de modo que não desenvolvem muito a história ou a personalidade dos indivíduos e seres. Ainda assim, há pequenas ligações entre um episódio ou outro (ambiente, personagens), que servem para preencher breves lacunas e deixar outros questionamentos e suposições no ar.

Logo, o foco está no suspense, no terror e na ação das cenas. Os elementos para contribuir nisso foram o ambiente noturno, a violência e as lutas corporais, sempre carregadas de muito, muito e muito sangue. Portanto, pendeu bastante para o lado “gore” da coisa, quase não contendo situações de jumpscare (o famoso pular da cadeira de tanto susto).

Os personagens brilham em meio ao medo

Em relação ao elenco, há nomes bem conhecidos para os fãs de K-pop, como Seola (do grupo WJSN) e Lee Hyunjoo (ex-membro do April). Também há a atriz do dorama de sucesso The Tale of Nokdu, Song Chaeyoon.

Composto principalmente por mulheres, pode-se afirmar que todas e todos deram um show de atuação, com as expressões e a postura corporal de medo e aflição sempre em alta. Nem precisa lembrar como é um trabalho difícil, né? E lidaram com maestria.

Em relação aos efeitos e o CGI, Goedam deixa bastante a desejar. É bem fraco e “tosco” em várias ocasiões. Ainda assim, os cortes abruptos, o clima da noite e outros elementos contribuem para entregar o suspense desejado. Querendo ou não, é um filme de baixo orçamento, então conseguiu trabalhar bem com o que tinha em mãos.

O conjunto final de Goedam vale a pena?

É um terror que esbanja simplicidade, com uma ou outra cena marcantes. Por outro lado, há os momentos questionáveis, que geram um pouco de risada de tão estranho e sem sentido. Também há, as vezes, a sensação de “ah, só isso então?”.

Mesmo assim, para quem é fã do gênero, recomendo assistir. Afinal, tem apenas uma temporada, é extremamente curto e pode agradar. Particularmente, não faz muito meu estilo, gosto mais de terror psicológico e “fantasmas” do que monstros e muito sangue.

O meu episódio favorito é o terceiro e ele trata justamente de espíritos, digamos assim. De todo modo, fica a dica para quem é curioso que nem eu, bem como para quem quer aprender um pouquinho em relação ao sobrenatural de outros lugares. É um prato recheado de criaturas novas e ideias meio inimagináveis, a maioria se passando em um cenário escolar… bem cotidiano, como se dissesse para tomar cuidado, pois não sabemos onde o mal repousa.

Algumas das eventuais referências coreanas de Goedam

Nada impede de assistir a coletânea sem ter noção das histórias sul-coreanas assustadoras. No entanto, ficará um sentimento de incompletude, aliada à vontade de pesquisar mais sobre (caso o medo não te impeça).

Ao pensar nisso, decidi trazer alguma das possíveis inspirações, servindo tanto para quem vai assistir quanto para quem já viu. Acredito que não altera a experiência de acompanhar a trama, no quesito spoiler.

Episódio 1 – Fenda: Kong Kong Ghost (콩콩콩 귀신)

Havia uma aluna que sempre estava em primeiro lugar em toda a escola (vamos chamá-la de “A”), enquanto outra estava sempre em segundo (“B”). Com o objetivo de entrar em uma boa universidade, a segunda melhor aluna precisava ter certeza de que ficaria em primeiro. Assim, estava sob forte pressão de pais, professores e dela mesma.

Uma noite, B ligou para A para encontrá-la no telhado da escola. B empurrou A para fora do telhado, que bateu a cabeça quando chegou no chão, morrendo em seguida. Imaginaram que havia sido suicídio, então B alcançou o primeiro lugar.

“Barulho de passos”! Boo! Oh… ela não está aqui”

Uma voz sombria é ouvida longe, no escuro.

“Barulho de passos” Boo! Ops… ela também não está aqui”

O som está se aproximando. B, que não conseguia nem olhar para o corredor por estar com medo, decide se esconder embaixo da mesa, esperando que o fantasma de A simplesmente fosse embora. Finalmente, o fantasma de A veio verificar a sala onde B estava escondida.

“Barulho de passos” Ela… não está aqui também…”

Quando a porta se fecha, B suspira aliviada e tenta sair da mesa. Mas… na frente de B, está A, com um rosto branco e pálido, em pé e de cabeça para baixo, como se estivesse caindo. Os olhos de A cheios de ódio e ressentimento. Um rosto com uma aparência maluca e sangue seco na cabeça.

“Aqui está ela.”

Considerando o estresse que os alunos possuem durante o estudo noturno, pode-se entender o motivo da história ter ganhado popularidade na Coréia, na década de 1990.

| Fonte: crisp_v (twitter) |

Episódio 2 – Destino: Jayuro gwishin (자유 로 귀신)

São fantasmas que assombram Jayuro (faixa da estrada que liga Goyang à Paju, situado ao norte de Seul). Muitos indivíduos que dirigem pelo local já indicaram ter visto uma pessoa em pé ao lado da estrada, uma jovem em perigo, que aparenta usar óculos de sol. Porém, quando chegam mais perto, verifica-se que os olhos da garota foram arrancados.

Também há o taxista que buscou uma senhora em um dia chuvoso, perto da mesma estrada. Depois de colocar o endereço no sistema GPS, apenas seguiu as instruções para uma área remota. Quando olhou no espelho para pedir mais detalhes, descobriu que a passageira não continuava sentada no banco traseiro. Surpreso, percebeu que tinha parado na frente de um cemitério público (ou seja, a casa da senhora… calafrios!).

O episódio parece um combo das duas lendas.

Episódio 6 – Dimensão: Ritual do Elevador

É bastante popular na Coreia do Sul. Você precisará entrar em um elevador e apertar os botões corretos na ordem correta, podendo parar em um mundo paralelo (muitos cogitam ser o inferno).

Outro ponto interessante é que pode ser que uma jovem entre no elevador e é melhor não olhar nem falar com ela. Dependendo do andar que você parar, terá chegado em outra dimensão, ocasião em que ela tentará conversar com você, perguntando “O que está acontecendo?” ou Onde você vai?”. Mas deve continuar sem responder.

É uma das narrativas mais marcantes e bem trabalhadas de Goedam, sendo bem interessante de acompanhar. Além de fazer um pequeno gancho com personagens de outro episódio.

Essas são algumas das prováveis referências, mas há várias outras abordadas em cada episódio, abrangendo talismãs, rituais e muito mais. Caso embarque nessa aventura rápida, saiba que está por sua conta e risco. Lembrando que a classificação indicativa é de 16 anos para cima e que vale a pena dar uma pesquisada sobre esse universo em momento posterior!

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